Queda nas vendas da Tesla não afeta bônus de Elon Musk

O conselho da Tesla decidiu aprovar um pacote salarial que chega a US$ 1 trilhão para Elon Musk. Pode parecer um valor absurdo, especialmente porque a empresa enfrenta desafios como queda nas vendas e o fracasso do Cybertruck. Esse valor será apresentado para os acionistas em novembro e depende do cumprimento de metas que, sinceramente, parecem meio mirabolantes.

Para começar, esse pacote exige que Musk transforme a Tesla em uma verdadeira gigante da inteligência artificial e da mobilidade elétrica. A meta é entregar tecnologias capazes de causar um grande impacto no nosso dia a dia. Olhando a fundo, a Tesla alega que nenhuma outra empresa impôs tais desafios a seu CEO na questão da remuneração.

Muita gente da mídia não tem poupado críticas, chamando os objetivos de Musk de “assustadores e desafiadores”. Mas, se a gente observar mais de perto, dá para notar que alguns deles são apenas versões suaves de promessas anteriores, parecendo até mais fáceis de atingir do que parecem.

Entre as metas estão a entrega de 20 milhões de veículos, ter 1 milhão de robotáxis rodando por aí, e até 10 milhões de assinaturas ativas do FSD (o sistema de piloto automático da Tesla). E atenção, porque tem também a previsão de US$ 400 bilhões de lucro anual. Pensa bem: a maneira como definem algumas dessas metas é bem flexível, podendo ser alcançada sem um crescimento real da empresa, o que levanta algumas dúvidas.

Por exemplo, os robotáxis podem ser contados como qualquer veículo que opera com o FSD, mesmo que seja só por três meses. E sim, o FSD ainda precisa de um motorista, então não é completamente autônomo, como muitos acreditam. Dessa forma, a meta de um milhão de robôs qualquer um poderia dar uma sacada e incluir diversos produtos com inteligência artificial da Tesla.

Até as metas financeiras são um tanto nebulosas. O lucro anual, por exemplo, pode ser inflado por aquisições feitas por Musk ou por ajustes contábeis, sem considerar a inflação. Isso sem contar que Musk poderá começar a receber parte de seu salário antes de alcançar todas as metas. Estranho, né?

O presidente da Tesla, Robyn Denholm, saiu em defesa do pacote, alegando que a ideia é motivar Musk a alcançar objetivos que parecem impossíveis. Mas, cá entre nós, críticos afirmam que o acordo pode estar mais a favor de Musk do que dos acionistas. A verdade é que muitas metas podem ser alcançadas sem realmente impactar o crescimento da empresa.

Além disso, o histórico da Tesla levanta algumas suspeitas. Com vendas em queda e uma perda considerável de participação no mercado, muitos se perguntam se um conselho verdadeiramente independente não poderia estar buscando um novo CEO, ao invés de aprovar um pacote bilionário. Afinal, muitos membros do conselho têm laços estreitos com Musk, o que torna a imparcialidade da decisão bem discutível.