Israel bombardeia palácio presidencial na Síria, segundo imprensa

Israel realizou um ataque ao Palácio Presidencial em Damasco, na Síria, nesta quarta-feira, marcando o terceiro dia seguido de bombardeios realizados pelo Exército israelense na região. Essas ações aumentam a tensão no país, que já enfrenta combates entre as comunidades drusa e beduína, resultando na morte de 248 pessoas desde o último domingo.

O ministro de Defesa de Israel, Israel Katz, destacou a intensidade dos ataques e compartilhou um vídeo que mostra uma apresentadora síria interrompendo uma transmissão ao vivo enquanto um bombardeio atinge o local. Embora Israel não tenha confirmado formalmente o ataque ao Palácio, o Exército informou que mirou em uma instalação militar em Damasco, alegando que os ataques visam proteger a minoria drusa da opressão das forças governamentais.

Sarit Zehavi, ex-tenente coronel das Forças de Defesa de Israel, comentou sobre a situação, ressaltando a importância da comunidade drusa para Israel e afirmando que os ataques podem representar um novo capítulo no conflito, com a possibilidade de retaliação por parte do Exército sírio.

Funcionários do Ministério da Defesa sírio relataram que o bombardeio também atingiu seu edifício, resultando em pelo menos dois ataques de drone e ferimentos em civis. Vídeos nas redes sociais mostraram o local sendo envolto em fumaça após os ataques.

Os drusos são uma importante minoria no Oriente Médio, com presença no Líbano, no sul da Síria e nas Colinas de Golã, um território controlado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Recentemente, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, solicitou que os drusos evitassem cruzar a fronteira para a Síria, alertando sobre os riscos que correm, incluindo sequestros e assassinatos.

A Síria é atualmente governada por Ahmed al-Sharaa, que assumiu o poder após a queda do ex-presidente Bashar al-Assad. Seu governo tenta se distanciar de seu passado associado a grupos extremistas e promete promover a convivência pacífica entre as diversas minorias do país.

No entanto, a credibilidade do novo governo é posta à prova porque episódios de violência, como o ocorrido em março que deixou 1.600 civis mortos, tornam a situação instável. Os recentes confrontos entre drusos e beduínos também acrescentam preocupações à já delicada situação.

Os ataques israelenses também afetaram a cidade de Sweida, que é predominantemente drusa, onde a situação se agravou após um quarto dia de conflitos que derrubaram um frágil cessar-fogo. O Ministério da Defesa sírio responsabilizou grupos fora da lei pela violação da trégua.

A União Europeia expressou sua preocupação com a situação e pediu que os atores externos respeitem a soberania da Síria. O bloco enfatizou a necessidade de proteger a população civil e combater a retórica sectária que intensifica os conflitos.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia acusou Israel de sabotar os esforços para restabelecer a paz na Síria, que passou por mudanças significativas após a saída de Assad.

Na última segunda-feira, o governo sírio mobilizou tropas na região de Sweida para conter os confrontos, que começaram após o sequestro de um comerciante da comunidade drusa. No entanto, a intervenção levou a confrontos com milícias drusas, levantando preocupações de que as forças sírias estivessem colaborando com os beduínos durante os combates.

O Observatório sírio de Direitos Humanos informou que, até agora, 248 pessoas morreram na província de Sweida, incluindo 92 drusas, 138 membros das forças de segurança e 18 beduínos. O número de civis mortos também é alarmante, com 21 deles supostamente executados pelas forças do governo.