Conflito de $3 bilhões molda o futuro de ‘South Park’

A estreia da 27ª temporada de “South Park”, programada para o final deste mês, enfrenta incertezas devido a disputas entre os criadores da série, Trey Parker e Matt Stone, a Paramount Global e a Skydance, nova proprietária do estúdio.

O principal ponto de conflito é um novo contrato de 10 anos, avaliado em $3 bilhões, que triplica o valor do acordo atual que expira em 2027. A Park County, empresa de entretenimento dos criadores, acredita que havia um entendimento inicial com a Paramount sobre o acordo. Um insider destacou que a Paramount tinha mais interesses antes da aquisição pela Skydance do que poderia ser aprovado pelo novo estúdio.

Por outro lado, a Skydance tem seus próprios planos e afirma que possui direitos de aprovação sobre contratos, especialmente enquanto busca a aprovação regulatória para a fusão com a Paramount. A durabilidade do novo acordo está causando impasses, já que a Skydance não está disposta a aceitar uma extensão de mais de cinco anos, priorizando a manutenção de reservas financeiras em um mercado em rápida mudança.

Atualmente, não há uma solução para o impasse, mas todos os envolvidos entendem a necessidade de um desfecho rápido e positivo. Os representantes da Skydance e da Paramount não comentaram sobre a situação. Contudo, a Skydance afirmou que, segundo os termos do acordo de transação, tem o direito de aprovar contratos importantes.

Diante da possibilidade de um processo judicial, Parker e Stone contrataram Bryan Freedman, um advogado conhecido por sua atuação agressiva em negociações. Eles podem alegar que a Skydance, incluindo seu CEO David Ellison, está interferindo nas negociações contratuais.

O atraso na estreia da nova temporada é um dos primeiros sinais visíveis do impacto da demora na aprovação da fusão entre a Paramount e a Skydance. A relação entre Parker, Stone e a Skydance está incerta, assim como o futuro da série, que já conta com mais de 28 anos e 300 episódios.

No dia 2 de julho, Parker e Stone expressaram sua preocupação em redes sociais, afirmando que a fusão está afetando negativamente “South Park” e que esperam que os novos episódios sejam lançados de alguma maneira.

“South Park” é uma propriedade da Paramount, por meio de uma joint venture de Parker e Stone com a empresa, chamada South Park Digital Studios, gerida por um conselho de cinco membros que inclui representantes da Paramount. A série é produzida pela Park County.

Desde 2007, a Park County possui um acordo que garante cerca de 50% da receita de streaming por meio dessa joint venture. Com seu histórico de sucesso na TV linear e em vendas de DVDs, “South Park” começou a disponibilizar episódios em um site, antes do impacto das plataformas de streaming como Netflix e Amazon Prime Video, que mudaram a forma de monetização dos conteúdos.

Recentemente, os contratos de streaming do show expiraram, levando a um novo acordo temporário com a Warner Bros. Discovery para manter a série no HBO Max. A licença internacional da Paramount+ para transmitir “South Park” também acabou, resultando na retirada da série de sua plataforma global.

Tanto a Paramount quanto a Park County estão adotando posturas rígidas nas negociações. Kevin Morris, advogado da Park County, manteve a exigência de um acordo de dez anos, válido por pelo menos $3 bilhões. Ele é conhecido nacionalmente por seu trabalho em apoio legal a Hunter Biden.

Chris McCarthy, co-CEO da Paramount, é responsável pelas áreas de streaming e programação de TV, com Keyes Hill-Edgar negociando acordos.

A fusão entre a Paramount e a Skydance enfrenta complicações políticas, relacionadas a um processo contra o programa “60 Minutes” sobre uma entrevista com Kamala Harris.

Outro fator nas negociações é um empréstimo de $800 milhões que a Park County tomou em 2023, do grupo de private equity Carlyle. Parker e Stone podem enfrentar uma pressão financeira significativa para quitar cerca de $80 milhões em juros anuais. Segundo informações, a Paramount pode estar disposta a pagar mais de $150 milhões anualmente, mas não por um período de dez anos.

De acordo com a Skydance, o acordo de funcionamento temporário dá à empresa o direito de aprovar ou reprovar contratos importantes. A Park County, por sua vez, entende que a Skydance não pode assumir o controle ou emitir ordens até a finalização oficial da fusão. A expectativa é de que um embate judicial ocorra.

Nesta semana, a Park County enviou uma carta à Redbird e à Skydance, exigindo que cessem qualquer interferência. Eles afirmaram que, se as atividades interferirem nas negociações, não terão outra escolha a não ser proteger seus direitos e cumprir obrigações públicas.