Colômbia interrompe compartilhamento de inteligência com os EUA

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a suspensão imediata da colaboração em inteligência com as agências de segurança dos Estados Unidos. A medida foi divulgada na noite de terça-feira e é uma resposta a ataques a embarcações e execuções extrajudiciais que ocorreram no mar do Caribe, no Golfo do México e no Pacífico Leste.

Petro comunicou sua decisão por meio de um post em sua conta oficial na plataforma X, orientando que todos os níveis da inteligência policial parem o envio de informações e outras interações com as agências de segurança dos EUA. Esta suspensão permanecerá enquanto os ataques, atribuídos à política do ex-presidente Donald Trump, continuarem.

O presidente colombiano defendeu sua decisão, afirmando que a luta contra as drogas deve priorizar os direitos humanos da população caribenha. Ele também destacou que as ações militares dos EUA estão violando a soberania da Colômbia e o direito internacional.

As tropas americanas têm realizado operações militares na costa da Venezuela, no Caribe e no Pacífico Leste, resultando na morte de cerca de 75 pessoas e na destruição de cerca de 20 embarcações. Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) classificaram os ataques, que empregaram mísseis contra pequenas embarcações, como “execuções sumárias” e em desacordo com o direito internacional humanitário. O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, já condenou publicamente tais operações.

Além disso, relatos da imprensa locais mencionam que a Colômbia se iguala ao Reino Unido, que também suspendeu o compartilhamento de informações de inteligência com os EUA sobre operações na região caribenha por um prazo mínimo de 30 dias.

O governo de Petro tem criticado abertamente a estratégia antidrogas dos Estados Unidos. O presidente afirmou que sua administração prioriza o respeito à soberania e aos direitos humanos, mesmo que isso implique na limitação da cooperação militar em situações que considera ilegais.

### Tensão Regional

Essa decisão da Colômbia se dá em um momento de crescente tensão na região. Desde agosto, os Estados Unidos mantêm um dos seus maiores destacamentos navais no Caribe desde a Guerra do Golfo, com cerca de oito navios de guerra, três navios de assalto anfíbio e um submarino. O porta-aviões Gerald Ford e sua flotilha foram enviados para a área em outubro.

Governos da Venezuela, Colômbia e Cuba se opuseram fortemente a essa mobilização, alertando para os riscos que representa à estabilidade regional. Eles afirmam que os ataques, embora justificados pela luta contra o narcotráfico, escondem uma “política de força e intimidação” contra nações que defendem sua soberania ou que se opõem aos interesses dos EUA.

Nos últimos dois meses, as forças americanas atacaram pelo menos 20 embarcações suspeitas no Caribe, sem realizar quaisquer interceptações ou interrogatórios com os tripulantes. Até agora, Washington não forneceu evidências de que os indivíduos mortos estivessem envolvidos com narcotráfico ou representassem uma ameaça direta ao país.