
As ações da Americanas (AMER3) se destacaram na Bolsa nos últimos dois dias, apresentando uma alta acumulada de 12% em outubro, mesmo com a empresa enfrentando um processo de recuperação judicial desde o início de 2023. O crescimento das ações tem relação com avanços na renegociação de dívidas.
Na terça-feira, 24 de outubro, enquanto o Ibovespa registrou um desempenho negativo, as ações da Americanas subiram 14%. Essa valorização ocorreu sem novos anúncios que justifiquem essa movimentação. No dia seguinte, 25 de outubro, as açõesAMER3 abriram com uma alta de cerca de 7%, porém, ao longo do dia, a valorização se reverteu, e no final da tarde, as ações estavam cotadas a R$ 5,88, com uma queda de 2,97%.
Essa recente alta nas ações é entendida, segundo Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, como resultado do acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para quitar a totalidade de suas dívidas fiscais, que somam aproximadamente R$ 865 milhões. O acordo, divulgado em um fato relevante no dia 13 de junho, proporcionou um desconto de 100% sobre juros e multas, que poderá resultar em uma redução de mais de R$ 500 milhões no total da dívida.
Segundo a analista, essa conquista representa um alívio significativo para a empresa, tanto em seu fluxo de caixa quanto em sua estrutura de capital. Além da economia direta, o acordo evita despesas judiciais e libera garantias, reduzindo assim o risco de novos litígios. Isso, por sua vez, melhora a transparência sobre a saúde financeira da Americanas.
Embora o anúncio do acordo tenha sido feito há algumas semanas, Caroline observa que a demora na resposta do mercado é natural. Este movimento é visto como um passo importante na trajetória de recuperação da empresa, sinalizando uma possível estabilização da situação financeira.
A alta recente também pode estar ligada à percepção de que a Americanas está conseguindo renegociar com seus credores e reduzir passivos, o que pode aumentar a confiança dos acionistas, mesmo em um ambiente operacional desafiador.
Na visão de Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do Grupo Axia Investing, a Americanas está se esforçando para recuperar sua imagem após a descoberta de uma fraude contábil que afastou investidores. Ele ressalta que a redução da dívida com a PGFN é um ponto positivo, pois melhora indicadores de endividamento e abre espaço para futuros investimentos. No entanto, Sant’Anna adverte que, apesar das ações estarem sendo negociadas numa faixa considerada baixa, sua recomendação é de cautela, tratando esses papéis mais para especulação do que como uma aposta sólida para o investimento.