Quilombo do Abacatal critica lentidão nas compensações em Belém

A Avenida Liberdade é uma nova via expressa em construção em Belém, que tem como objetivo oferecer uma alternativa para quem se dirige ao interior do Pará. Com 13 quilômetros de extensão, a avenida passa pelo Parque Ambiental do Utinga e impacta comunidades tradicionais, entre elas, o Quilombo do Abacatal. Os moradores da comunidade expressam preocupação com a lentidão do governo do estado em cumprir as promessas feitas como compensação pelas mudanças que as obras trazem.

A conclusão da via está prevista para o final de outubro, antes da COP30, evento importante que ocorrerá em novembro na capital paraense. Até agora, apenas duas das obras prometidas para os quilombolas foram iniciadas: uma estrada que conecta a comunidade à Avenida Liberdade e um Centro de Referência e Assistência Social (Cras). Ambas as obras, no entanto, não devem ser finalizadas até o próximo mês. Além disso, outros compromissos, como um museu do quilombo, uma praça, uma quadra poliesportiva, uma portaria, um posto de saúde e um teatro ainda aguardam pelo processo de licitação.

Melina Guajajara, liderança do Quilombo do Abacatal, comparou a velocidade das obras do Parque Linear da Doca de Souza Franco, que foi finalizado rapidamente, com a lentidão das melhorias prometidas para as comunidades. Ela ressaltou a frustração entre as famílias quilombolas, temendo que, após a construção da Avenida Liberdade, as promessas de compensação sejam ignoradas.

Outras lideranças da comunidade, como David Maia, também relataram problemas nas obras em andamento. Maia afirmou que os pilares do Cras foram construídos sem a devida fiscalização e que, além disso, a obra começou sem a construção de um poço, o que deixou a comunidade sem fonte de água. Ele criticou a falta de cuidados nas obras, que são algumas das menores compensações acordadas.

Uma coordenadora do Quilombo do Abacatal, que preferiu não se identificar, expressou sua preocupação sobre como o posto de saúde e o Cras funcionarão após a finalização das obras. Ela destacou que essa é uma luta que a comunidade terá que enfrentar no futuro, e que até o momento, não receberam informações claras sobre a garantia da continuidade dos serviços.

A Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) foi questionada sobre os atrasos nas obras e respondeu que as construções do Cras estão em andamento, enquanto os demais projetos, como a Unidade Básica de Saúde (UBS) e o espaço cultural, ainda estão passando pelo processo de licitação.

Sobre a cobrança das condições acordadas em audiência pública, a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seinfra) informou que o projeto da Avenida Liberdade foi discutido em audiências com a participação de moradores e líderes locais. A secretaria afirmou que todos os estudos para o licenciamento foram elaborados e que 57 condicionantes foram acordadas como parte das compensações e estarão sendo implementadas. Entre essas, estão a pavimentação de ruas e os trabalhos de terraplenagem já em progresso.