
Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a Cisjordânia e Gaza, comentou sobre as sanções impostas a ela pelo governo dos Estados Unidos. Em uma postagem nas redes sociais, ela afirmou que a punição aos que falam pelos mais vulneráveis não demonstra força, mas sim culpa.
Na quarta-feira, o Departamento de Estado dos EUA anunciou a sanção a Albanese, que atua de forma independente no monitoramento de violações dos direitos humanos nos territórios palestinos. Esta medida faz parte de uma ação do governo americano para silenciar críticos da guerra de 21 meses que Israel vem travando em Gaza.
Na quinta-feira, Albanese fez novas postagens, pedindo uma maior atenção internacional à crise em Gaza. Ela destacou a situação devastadora, onde crianças estão morrendo de fome e muitos membros de famílias são mortos enquanto tentam buscar alimento. Albanese ressaltou a urgência da situação, expressando preocupação sobre a incapacidade da ONU de intervir.
A advogada de direitos humanos, que tem sido uma voz ativa contra o que considera genocídio palestino, recebeu apoio e críticas. Autoridades israelenses e o governo americano negam as acusações de genocídio. A situação já levou a Israel a enfrentar acusações de crimes de guerra em cortes internacionais.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que as sanções podem estabelecer um precedente perigoso. Ele lembrou que os relatores especiais não se reportam a Guterres, o que significa que ele não tem autoridade sobre eles. Jürg Lauber, presidente do conselho de direitos humanos da ONU, lamentou a decisão dos EUA e pediu que todos os Estados-membros cooperem com os relatores especiais e não façam atos de intimidação.
Volker Türk, chefe de direitos humanos da ONU, também pediu o fim de ataques e ameaças contra pessoas designadas pela ONU e instituições internacionais. Recentemente, Albanese enviou cartas solicitando a outros países que pressionem Israel a cessar os bombardeios em Gaza, inclusive através de sanções. Ela tem apoiado a acusação feita pela Corte Penal Internacional contra autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A sanção foi justificada pelo secretário de Estado dos EUA, que alegou que as ações de Albanese contra os EUA e Israel não seriam aceitas. Ele afirmou que sempre apoiarão o direito de Israel à autodefesa. Albanese foi criticada por funcionar como um apoio às ações judiciais da Corte Penal Internacional contra Israel.
Nas últimas semanas, a missão dos EUA na ONU criticou Albanese por um padrão de antissemitismo e viés contra Israel, descrevendo suas alegações como falsas e ofensivas. Essas sanções fazem parte de uma campanha ampla do governo dos EUA para silenciar a crítica à maneira como Israel tem conduzido a guerra em Gaza. O governo também começou a prender e deportar acadêmicos e estudantes de universidades americanas que participaram de manifestações a favor da Palestina.