Nissan solicita adiamento de pagamentos a fornecedores para equilibrar caixa

A Nissan anda passando por um período complicado e, na busca por se recuperar financeiramente, a fabricante japonesa vem tomando algumas medidas drásticas. Após uma tentativa frustrada de fusão com a Honda, a montadora está fechando fábricas e interrompendo o lançamento de novos modelos. As últimas novidades indicam que estão até pedindo aos fornecedores para aceitar pagamentos atrasados para aliviar a situação financeira.

A Reuters trouxe à tona uma informação que faz a gente parar para pensar. Eles tiveram acesso a e-mails que mostram como a Nissan está lidando com a situação na Europa e no Reino Unido. A montadora está perguntando a alguns fornecedores se aceitariam receber os pagamentos de forma atrasada, em troca de liberar uma parte do caixa que é tão necessário.

Essa estratégia pode parecer estranha, mas não é algo tão inusitado no setor automotivo. A Nissan afirmou que está oferecendo aos fornecedores a opção de receber os pagamentos na hora ou com um prazo maior, adicionando juros a essa segunda opção. É como dizer: “Olha, você pode esperar um pouco, mas se esperar, vai receber um pouco mais depois”. Se o fornecedor aceitar, quem paga na hora é o banco HSBC, e a Nissan reembolsa depois.

Essas medidas fazem parte da nova política de cortes de custos que o recém-empossado CEO, Carlos Espinosa, lançou logo que assumiu o comando. Ele tem a meta audaciosa de cortar US$ 3,4 bilhões em dois anos. No último ano, a Nissan teve um prejuízo grotesco de US$ 4,5 bilhões, o que justifica essas movimentações.

Uma das estratégias é liberar cerca de US$ 69 milhões ao atrasar pagamentos a fornecedores, só que a situação não é simples. Embora a Nissan possua cerca de US$ 15 bilhões disponíveis, tem uns US$ 5 bilhões em dívidas para saldar. Para melhorar ainda mais o fluxo de caixa, a montadora está até considerando vender sua sede em Yokohama por cerca de US$ 700 milhões, podendo alugá-la de volta depois.

E mesmo com essa maré difícil, a Nissan não está dormindo no ponto. Ela lançou recentemente a nova geração do SUV Kicks no Brasil e continua operando a versão anterior, chamada de Kicks Play, que é mais voltada para quem busca um custo-benefício interessante. Além disso, está em desenvolvimento o compacto Kait, que já foi flagrado rodando por aí, e há planos para renovar o sedã Sentra.

Por outro lado, a preocupação é palpável nas declarações sobre o plano “Re:Nissan”, que espelha uma necessidade urgente de controle de custos. A palavra "custo" aparece nada menos que 17 vezes em um comunicado que não é lá tão longo. As estratégias para lançar novidades e, ao mesmo tempo, cortar despesas incluem um maior estreitamento dos laços com a Renault e a Mitsubishi. A Honda, embora envolvida, apenas na parte de desenvolvimento de tecnologias eletrificadas, levantou uma bandeira de parceria, sem planos concretos de fusão.

É uma fase de ajustes e tentativas para a Nissan, que busca se firmar novamente no cenário automotivo mundial.