
Centenas de seguidores do Dalai Lama se reuniram no norte da Índia para celebrar o 90º aniversário do líder espiritual tibetano exilado. As festividades ocorrem em meio à expectativa de que ele forneça indícios sobre seu eventual sucessor.
O Dalai Lama, que fugiu para a Índia em 1959 após uma revolta frustrada contra o domínio chinês no Tibete, deve divulgar um vídeo e uma declaração na quarta-feira, mas os detalhes ainda são incertos. Ele estabeleceu um governo no exílio em Dharamsala, que se tornou um símbolo de resistência para aqueles que criticam o controle chinês sobre o Tibete.
As comemorações, que começaram na segunda-feira, incluem a 15ª Conferência Religiosa Tibetana e devem atrair mais de 7.000 convidados, incluindo ministros indianos. Na segunda-feira, o Dalai Lama foi visto abençoando o ator de Hollywood Richard Gere, que é um seguidor fiel.
Durante o evento, o Dalai Lama comentou que ao redor de seu aniversário, ele apresentará um “quadro” para discutir a continuidade da instituição do Dalai Lama. Este assunto gera grande interesse e especulação, considerando que ele já manifestou opiniões sobre a possibilidade de que seu sucessor possa ser uma mulher ou que poderia não haver sucessor.
Nos últimos anos, ele também indicou que a continuidade da instituição do Dalai Lama pode acontecer se houver um apoio significativo entre os tibetanos em exílio, o que realmente se verifica. Além disso, ele sempre afirmou que seu sucessor nasceria fora da China, o que gera tensões com Pequim.
O Dalai Lama é visto como uma figura unificadora para o movimento tibetano. Alguns líderes tibetanos em exílio afirmam que a escolha de um sucessor deve ser feita em breve, já que isso pode impactar a comunidade tibetana e o movimento por liberdade.
Professores e especialistas em relações internacionais apontam que, se o Dalai Lama anunciar um sucessor, a China poderá tentar nomear seu próprio Dalai Lama, argumentando que apenas o Partido Comunista Chinês tem autoridade para tal decisão. Isso, segundo eles, será amplamente rejeitado pelos tibetanos e pela comunidade internacional.
O atual 14º Dalai Lama, conhecido como Lhamo Dhondub, nasceu em 6 de julho de 1935 e foi reconhecido aos dois anos como a reencarnação do 13º Dalai Lama. Ele assumiu seu papel sob forte influência da situação política em seu país natal, especialmente após a entrada do exército chinês no Tibete em 1950 e os eventos que conduziram à sua fuga para a Índia em 1959.
Ainda hoje, muitos tibetanos exilados sonham em retornar a uma Tibet livre. Um deles, Lobsang Choedon, de 84 anos, compartilhou seu desejo de que sua geração possa ver a terra natal novamente. Seu neto, Ngawang Lhundup, de 15 anos, apesar de ter nascido na Índia, sente uma forte conexão com o Tibete e expressou o desejo de visitá-lo se as condições permitirem.
Essas festividades e discussões em torno do Dalai Lama refletem não apenas a reverência por sua vida e trabalho, mas também as complexas questões políticas que cercam o Tibete e sua luta por autonomia e identidade.