NTSB: Boeing não ofereceu treinamento para evitar emergência com MAX 9

Boeing está enfrentando sérios problemas após um incidente que ocorreu em janeiro de 2024, quando um painel da cabine de um novo voo 737 MAX 9 se soltou no ar. Essa situação gerou uma crise significativa para a fabricante e foi alvo de duras críticas por parte do Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos Estados Unidos. O conselho apontou que a empresa não forneceu treinamento, orientação e supervisão adequados para evitar o acidente.

Durante uma reunião do conselho, a presidente, Jennifer Homendy, destacou que a falha de Boeing em instalar quatro parafusos cruciais em um avião da Alaska Airlines durante a produção foi um erro grave. Além disso, o conselho criticou a supervisão considerada ineficaz por parte da Administração Federal de Aviação (FAA).

Homendy mencionou que o acidente poderia ter sido evitado, uma vez que problemas relacionados à produção não autorizada foram identificados em auditorias internas da Boeing ao longo de pelo menos dez anos. Ela enfatizou que “as deficiências de segurança que levaram a este acidente deveriam ser evidentes tanto para a Boeing quanto para a FAA”. Felizmente, ninguém se feriu gravemente na ocorrência.

A investigação revelou que a falta de treinamento adequado na empresa contribuiu para o acidente. Em resposta à situação, a Boeing está desenvolvendo melhorias no design para garantir que o plugue da porta não possa ser fechado sem estar devidamente fixado.

O incidente resultou na abertura de uma investigação criminal pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e na declaração de que a Boeing não estava cumprindo um acordo de processamento diferido de 2021. Em meio à crise, o CEO Dave Calhoun anunciou que deixará o cargo nos próximos meses.

A nova liderança da Boeing sob Kelly Ortberg foi elogiada, mas Homendy reconheceu que ele enfrentará muitos desafios e que será necessário tempo para superá-los. A Boeing lamentou o acidente e informou que continua trabalhando para fortalecer a segurança e a qualidade de suas operações.

A FAA também se posicionou, afirmando que mudou a forma de supervisionar a Boeing desde o acidente. A agência continuará sua supervisão rigorosa para garantir que a fabricante resolva os problemas sistêmicos de qualidade de produção.

A reputação da Boeing foi seriamente afetada pelo incidente, que levou à suspensão do modelo MAX 9 por dois semanas e a um limite de produção de 38 aeronaves por mês, que ainda está em vigor. A FAA declarou que não levantará esse limite até que tenha confiança na capacidade da empresa em manter segurança e qualidade.

A Boeing também não gerou a documentação necessária para a remoção e reinstalação do plugue da porta do 737 MAX 9, um importante componente de segurança, e ainda não identificou os funcionários envolvidos.

Em uma declaração anterior, o ex-administrador da FAA, Michael Whitaker, reconheceu que a agência estava sendo “muito permissiva” na supervisão da Boeing, e destacou que já aumentaram o número de inspetores nas fábricas da empresa e da Spirit AeroSystems, fabricante da fuselagem do MAX.

No ano passado, a Boeing se comprometeu a se declarar culpada em uma acusação de conspiração de fraude criminal, relacionada a dois acidentes fatais de 737 MAX na Indonésia e na Etiópia. Recentemente, a empresa chegou a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA para evitar a culpa em troca de mudanças em sua supervisão.

Além disso, começaram a surgir novos problemas para a Boeing com o acidente de um voo da Air India, que caiu logo após a decolagem em Ahmedabad, na Índia, resultando na morte de quase todos os ocupantes. O avião envolvido era um Dreamliner com quase 12 anos de uso, e investigações estão em andamento.