
O Papa Leão XIV fez um importante apelo no sábado, 21 de junho de 2025, durante uma mensagem enviada ao Peru. Ele destacou a necessidade de combater abusos, sejam eles sexuais, de poder ou de consciência, dentro da Igreja Católica. Além disso, o Papa elogiou o trabalho dos jornalistas que se dedicam à busca da verdade.
A mensagem foi especialmente dirigida à peça teatral “Projeto Ugaz”, que homenageia Paola Ugaz, uma jornalista reconhecida por suas investigações sobre o movimento Sodalício, que enfrenta graves acusações atualmente. O Papa enfatizou a importância da liberdade de imprensa, ressaltando que a democracia se enfraquece quando jornalistas são silenciados.
Em suas palavras, Leão XIV pediu para estabelecer uma cultura de prevenção dentro da Igreja que rejeite qualquer forma de abuso. Ele declarou que isso inclui não apenas abusos de poder e autoridade, mas também abusos espirituais e sexuais. A mensagem foi lida no teatro por Monsenhor Jordi Bertomeu, ele é funcionário do Dicastério para a Doutrina da Fé e também comissário apostólico no Peru para o caso Sodalício. O Cardeal Robert Prevost, que também fez uma fala, reiterou a relevância de discutir a luta contra os abusos e a valiosa contribuição do jornalismo para essa causa.
O Papa enfatizou o trabalho realizado no “Projeto Ugaz”, elogiando aqueles que o idealizaram e executaram, afirmando que ele representa mais do que uma peça teatral. Trata-se de uma forma de memória, denúncia e uma busca por justiça, dando voz a uma dor que ficou silenciada por muito tempo. Através desse projeto, as vítimas do Sodalício e os jornalistas que as apoiaram “iluminam o rosto ferido, mas cheio de esperança, da Igreja”.
Leão XIV fez uma conexão entre a luta pela justiça e a missão da Igreja, afirmando que uma fé que não reconhece as feridas humanas ainda não compreendeu o verdadeiro Evangelho. Ele reforçou que muitos sofreram traumas em locais onde buscavam conforto, além de fazer menção àqueles que arriscaram suas vidas e reputações para que a verdade não fosse esquecida.
O Papa também agradeceu àqueles que continuaram a lutar pela verdade, mesmo enfrentando desqualificações e perseguições judiciais. Ele lembrou a Carta ao Povo de Deus escrita por Papa Francisco em 2018, após sua viagem ao Chile, onde se encontrou com vítimas de abuso.
Por fim, o Cardeal Prevost expressou especial gratidão a Paola Ugaz pela coragem demonstrada ao buscar proteção junto ao Papa contra ataques injustos, enfrentados por ela e outros jornalistas, como Pedro Salinas, Daniel Yovera e Patricia Lachira. Esses jornalistas foram alvo de retaliações por denunciarem abusos cometidos por um grupo eclesial com sede em diversos países, mas de origem peruana. Ele também mencionou que muitas das vítimas enfrentaram abusos econômicos, destacando a situação das comunidades de Catacaos e Castilla. Concluiu afirmando que a verdade não pertence a ninguém, mas é uma responsabilidade coletiva buscá-la e protegê-la.