
Cientistas descobriram semelhanças notáveis entre dinossauros que viveram em regiões desérticas do Brasil e da Mongólia, mesmo com a grande distância geográfica e o tempo que os separa. Essa descoberta é um exemplo de um fenômeno chamado evolução convergente, onde espécies diferentes desenvolvem características similares para sobreviver em ambientes hostis.
Estudos mostraram que os dinossauros do Deserto de Gobi, na Mongólia, que habitavam a região há cerca de 66 milhões de anos, e os que viveram no Oeste do Paraná, há 125 milhões de anos, enfrentaram condições áridas com escassez de alimentos. Para se adaptar a essas circunstâncias, ambas as espécies desenvolveram mandíbulas largas e crânios altos e achatados. Essas características ósseas robustas foram importantes para que eles pudessem se alimentar de plantas resistentes e de sementes duras.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, analisaram mais de 100 fósseis de diferentes locais do mundo para apoiar suas teorias. As investigações incluíram o uso de tomografias de ossos dentários e mapeamento dos maxilares de dinossauros terópodes, que abrangem tanto carnívoros quanto herbívoros.
Dois dinossauros destacados nas pesquisas foram o Berthasaura leopoldinae, encontrado no Brasil, e o Limusaurus inextricabilis, da China. Curiosamente, esses animais tinham a capacidade de perder os dentes à medida que envelheciam, tornando-se adultos sem dentição, outro exemplo de evolução convergente que merece atenção.
As investigações também revelaram que, milhões de anos atrás, o interior do Brasil apresentava clima desértico, o que pode ser verificado por formações de arenito, como a de Caiuá, e presença de vegetação xerófita, que se adapta a ambientes secos. Apesar desse cenário desafiador, a Bacia Bauru, onde muitos fósseis foram encontrados, era dormida a uma grande diversidade de espécies.
Um estudo anterior, realizado em 2024, encontrou pegadas de dinossauros ornitísquios próximas a uma antiga lagoa em General Salgado, em São Paulo. Essa lagoa funcionava como um oásis natural durante períodos de seca, oferecendo abrigo e alimento para a fauna local.
Essa pesquisa evidencia como o ambiente pode impactar diretamente o processo evolutivo, levando espécies sem parentesco a desenvolverem características similares para lidar com os mesmos desafios ecológicos.