
Um vídeo recentement divulgado mostra prefeitos e políticos brasileiros que participaram de uma viagem a Israel na semana passada. A comitiva, composta por cerca de 40 membros, incluindo prefeitos, vereadores e secretários municipais, recebeu uma palestra na qual foram incentivados a defender a narrativa oficial israelense sobre a situação em Gaza.
Nas imagens, Rafael Rozenszajn, porta-voz das forças israelenses, pediu aos presentes que, ao retornarem ao Brasil, atuassem como “embaixadores da verdade”. Essa frase foi proferida em um contexto onde a comitiva era orientada a refutar a cobertura da mídia nacional sobre o conflito.
Dentre os participantes, estava o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião. Durante a palestra, Rozenszajn negou que Israel pratique apartheid e tentou desvalorizar os dados sobre o número de civis que foram mortos em Gaza. Ele usou o argumento de que a presença de árabes, possivelmente muçulmanos, em Jerusalém não pode caracterizar um estado de apartheid e afirmou que todos os alvos de seus ataques são militares. Além disso, mencionou a criação de “zonas humanitárias” em Gaza, declarações que contrastam com o que organismos internacionais têm reportado sobre a gravidade da situação.
Desde o início da ofensiva em Gaza, as autoridades locais afirmam que mais de 55 mil pessoas foram mortas e cerca de 10 mil estão desaparecidas. Grande parte da infraestrutura civil na região foi destruída, e apenas nas últimas 48 horas, mais de 200 palestinos perderam a vida.
Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que 72% das crianças mortas ou mutiladas em conflitos em todo o mundo foram vítimas de ações israelenses. O documento também aponta um aumento de 25% em relação ao ano anterior, além de relatar milhares de casos de recrutamento forçado, sequestros, violência sexual e a negação de ajuda humanitária.
A viagem dos políticos brasileiros, que foi chamada de “trem da alegria”, recebeu financiamento de um lobby israelense e, apesar de ser apresentada como uma discussão sobre soluções urbanas, os vídeos evidenciam que um dos principais objetivos era mobilizar apoio político à atuação de Israel no conflito.