Petro afirma que ‘jamais se ajoelhará’ após sanções dos EUA

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta sexta-feira (24 de outubro), que o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e outras figuras de seu governo foram sancionados. A medida, adotada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão vinculado ao Departamento do Tesouro dos EUA, inclui também a primeira-dama Verónica Alcocer, o filho de Petro, Nicolás Petro, e o ministro do Interior, Armando Benedetti.

A decisão foi justificada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent. Ele afirmou que a produção de cocaína na Colômbia atingiu níveis recordes desde a posse de Petro, em agosto de 2022, o que teria resultado em um aumento do tráfico de drogas para os Estados Unidos, prejudicando a população americana. Segundo Bessent, Petro teria permitido a atuação de cartéis de drogas, não tomando ações para interromper essa prática. Ele ressaltou que o governo de Donald Trump está agindo para combater o tráfico e proteger o país.

Logo após o anúncio das sanções, Gustavo Petro utilizou suas redes sociais para comentar a situação. Ele fez referência ao senador republicano Bernie Moreno, que tem sido um forte crítico e defensor das sanções contra ele. Petro mencionou que ele e sua família entraram para a lista de sancionados conforme adiado por Moreno. Na mensagem, ele criticou a justificativa das sanções e reafirmou seu compromisso no combate ao narcotráfico, chamando a situação de “um paradoxo” e dizendo que não se ajoelhará diante de ameaças.

Armando Benedetti também se manifestou, afirmando que foi incluído na lista por defender a dignidade do presidente e do país. Ele classificou a sanção como uma demonstração da injustiça da política americana, dizendo que a guerra à drogas é uma farsa.

A relação entre Petro e o governo dos EUA tem se deteriorado nos últimos meses. O presidente colombiano tem promovido uma postura favorável ao reconhecimento do Estado da Palestina e criticado as ações militares dos EUA no Mar do Caribe. Em sua participação na Assembleia Geral da ONU, Petro declarou que a política antidrogas americana visa dominar os povos do Sul, e não apenas combater o tráfico de cocaína.

Recentemente, ele também acusou os Estados Unidos de violar a soberania dos países caribenhos com suas ações militares. O ex-presidente Trump, por sua vez, atacou Petro, chamando-o de “líder do tráfico ilegal de drogas” e insinuando a possibilidade de sanções. Petro respondeu, afirmando que não aceita interferências externas e que no país não existe espaço para “reis”.

Além das sanções, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou o envio do porta-aviões USS Gerald Ford para a América do Sul, como parte do reforço militar na região. O anúncio coincidiu com a confirmação do décimo ataque contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas. O Pentágono afirmou que a presença militar aprimorada aumentará a capacidade dos Estados Unidos de monitorar e combater atividades ilícitas na área.

Com essa movimentação militar e as tensões políticas, cresce a preocupação de que a estratégia antidrogas dos EUA possa evoluir para um confronto direto na América do Sul, potencialmente desestabilizando a região e trazendo uma crise humanitária.