
Representantes da Embaixada do Brasil em Tel Aviv visitaram nesta segunda-feira (6) a prisão de Kesdiot, localizada no deserto de Negev, para se encontrar com os brasileiros que fazem parte da Flotilha Global Sumud, detidos por Israel em águas internacionais.
Informações recebidas pela assessoria de imprensa da flotilha indicam que os ativistas estão enfrentando violência psicológica. Há relatos de que os detidos têm acesso insatisfatório a medicamentos e alimentos. A assessoria da flotilha denunciou ainda que os integrantes do Sul Global estão sendo tratados de forma desigual pelo governo israelense. Segundo comunicado, ninguém com passaporte latino-americano recebeu a ordem de deportação até o momento.
O único brasileiro que já saiu da prisão é Nicolas Calabrese, um cidadão argentino-italiano residente no Brasil, que foi deportado pela delegação italiana. No total, 340 dos 450 detidos até agora foram deportados.
Em uma transmissão ao vivo em seu perfil no Instagram, a advogada Lubna Tuma, do grupo de direitos humanos Adalah, falou sobre as denúncias de maus-tratos. Ela mencionou dificuldades de acesso a comida, água e medicamentos, além de relatos de ativistas que foram forçados a passar horas em posições desconfortáveis. Tuma também criticou o tratamento diferenciado dado a cidadãos árabes, com relatos de que mulheres muçulmanas foram impedidas de rezar e de usar o hijab dentro da prisão.
A advogada afirmou que as autoridades israelenses buscam desestimular a solidariedade ao povo palestino e impedir futuras missões humanitárias como a Flotilha, que leva ajuda a Gaza, região sob cerco.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv confirmou que questionou as autoridades israelenses sobre os relatos de maus-tratos e fez um apelo para que os direitos dos ativistas sejam respeitados de acordo com as normas internacionais.
Na última sexta-feira, mais 171 participantes da flotilha foram deportados por Israel, todos de nacionalidade europeia. Entre eles, estava a ativista sueca Greta Thunberg, que relatou ter sofrido humilhações e violência física durante sua detenção. Ao chegar à Grécia nesta segunda-feira, Greta fez um discurso para seus apoiadores, chamando a atenção para a situação de genocídio que ocorre na região e afirmando que ninguém pode alegar ignorância sobre o que está acontecendo.
O presidente Lula, em uma publicação nas redes sociais, declarou que Israel violou leis internacionais ao interceptar os integrantes da Flotilha Global Sumud fora de suas águas territoriais e que continua a cometer violação ao mantê-los detidos. Ele também informou que delegou ao Ministério das Relações Exteriores a responsabilidade de prestar todo o apoio necessário para garantir a segurança dos brasileiros envolvidos.
Israel alega que os integrantes da flotilha foram capturados em águas israelenses, mas a Flotilha Global Sumud refuta esta afirmação, insistindo que os detidos foram sequestrados em águas internacionais e devem ser liberados.
Além de Nicolas Calabrese, a delegação brasileira inclui os ativistas Thiago de Ávila, Silva Oliveira, João Aguiar, Miguel de Castro, Bruno Gilga, Lisiane Proença Severo, Magno de Carvalho Costa, Ariadne Catarina Cardoso Teles, Mansur Peixoto, Gabrielle Da Silva Tolotti, Mohamad Sami El Kadri, Lucas Farias Gusmão, a deputada federal Luizianne Lins e a vereadora de Campinas, Mariana Conti.
O jornalista Hassan Massoud, que possui passaporte brasileiro e é correspondente da rede Al Jazeera em São Paulo, não está preso, pois estava em uma embarcação observadora que não cruzou a zona de risco e, portanto, não foi interceptado.