
A Stellantis, o gigante que abriga marcas como Peugeot, Citroën, Opel, Fiat e Jeep, tomou uma decisão importante: abandonar o uso de correias banhadas a óleo nos motores PureTech 1.0 e 1.2. Essa mudança surge depois de uma série de problemas sérios e um mar de reclamações vindas de consumidores europeus. Os carros equipados com esse sistema começaram a mostrar falhas bem antes do esperado, e os motoristas, claro, não ficaram felizes com isso.
As correias imersas em óleo surgiram como uma promissora alternativa, prometendo ser mais silenciosas e eficientes em comparação com as correntes metálicas. A ideia era simples: a correia ficaria sempre lubrificada pelo óleo do motor, reduzindo o atrito e, teoricamente, aumentando a vida útil. Mas, na prática, a história foi bem diferente.
Na Europa, muitos motoristas relataram que essas correias começavam a se deteriorar com menos de 50 mil quilômetros rodados. E o problema não para por aí: fragmentos da correia deteriorada podem contaminar o óleo do motor, obstruir dutos, causar falhas na lubrificação e, em muitos casos, levar à perda total do motor. É um verdadeiro pesadelo para quem imagine estar na estrada com um carro desses.
Stellantis toma atitude e lança recall
Com tantas queixas, a Stellantis não teve outra opção a não ser agir. Vários países da Europa já estão realizando recalls em massa de modelos como o Peugeot 208, 2008, Citroën C3 e Opel Corsa. Além disso, a fabricante começou a oferecer ressarcimentos parciais e a realizar trocas preventivas de correias e motores, muitas vezes até fora do prazo de garantia.
Mas a mudança mais significativa foi o anúncio de que, a partir das próximas produções, os motores PureTech na Europa adotarão correntes metálicas tradicionais, deixando para trás essa tecnologia problemática de correia banhada a óleo.
A realidade no Brasil: Chevrolet também está na mira
Aqui no Brasil, a situação não é diferente. A Chevrolet já usa correias úmidas em modelos como o Onix e o Tracker. Desde o lançamento, os motoristas têm comentado nas redes sociais e em fóruns especializados sobre as falhas que vêm ocorrendo.
O Tracker 2026 até promete algumas mudanças na construção da correia para tentar resolver esses problemas, mas a tecnologia das correias úmidas permanece no projeto. No caso do Onix 2026, as informações indicam que a GM só reforçou os componentes e fez algumas atualizações, sem abrir mão da abordagem da correia úmida.
Isso preocupa muitos especialistas que estão de olho nisso tudo.
O que causa a degradação? Material ou óleo?
Uma das grandes questões que rolam entre engenheiros é o que realmente causa a degradação dessas correias. Alguns estudos apontam para problemas no próprio material que fabrica as correias. Outros sugerem que a incompatibilidade com o tipo de óleo usado e a temperatura elevada em motores turboalimentados podem ser os vilões.
Há relatos em fóruns onde motoristas afirmam que trocar o óleo fora do padrão indicado pelas montadoras acelerou ainda mais a degradação. Isso levanta a dúvida sobre a tolerância do sistema ao uso diário, principalmente em países com climas mais extremos e onde a manutenção não sempre é feita em concessionárias.
A decisão da Stellantis de voltar às correntes metálicas na Europa pode inspirar outras montadoras a repensarem suas escolhas. No fundo, todos queremos carrões que funcionem bem e por mais tempo. Enquanto isso, os consumidores continuam lidando com os impactos de uma inovação que não deu certo. O caso da Stellantis é apenas a ponta do iceberg; é um alerta para toda a indústria sobre a importância de avaliar as consequências das inovações tecnológicas nos veículos que vendem.