
As tarifas comerciais implementadas durante a administração Trump geraram um grande movimento de lobby, com diversas indústrias pedindo isenções devido ao impacto negativo que essas taxas estão causando. Muitas empresas expressaram preocupação com o aumento de preços para os consumidores, que pode levar à escassez de produtos. Um dos setores mais afetados é o de fogos de artifício, que depende fortemente de importações da China. Pequenas lojas que vendem fogos de artifício em áreas rurais dos Estados Unidos enfrentam dificuldades financeiras, e cidades que costumam organizar grandes exibições para o Dia da Independência também estão lidando com orçamentos mais apertados.
A situação é especialmente crítica para as festividades programadas para 2026, quando os Estados Unidos planejam celebrar seu 250º aniversário. Representantes da indústria de pirotecnia alertam que muitas das festividades podem ser reduzidas ou até canceladas. Stacy Schneitter-Blake, presidente da National Fireworks Association e co-proprietária de uma loja de fogos no Missouri, destacou que o próximo ano é uma grande preocupação, especialmente em relação à fabricação e às tarifas.
O mercado de fogos de artifício nos EUA movimenta cerca de 2 bilhões de dólares anualmente, sendo que 99% desses produtos vêm da China. As tarifas de importação chinesa, que chegaram a ser elevadas para até 145% antes de serem reduzidas para 30%, geraram incertezas entre os importadores, resultando em estoques baixos e dificuldades financeiras em várias lojas.
A indústria de fogos de artifício é percebida de maneira bipartidária, e muitos esperavam que seus produtos recebessem tratamento especial. Durante a guerra comercial em 2019, a administração Trump havia isentado os fogos de artifício das tarifas, mas atualmente, a negociação de acordos comerciais com a China leva a uma relutância em reduzir tarifas sem garantias adicionais.
Consequentemente, a National Fireworks Association e a American Pyrotechnics Association estão promovendo uma campanha de lobby, pedindo alívio nas tarifas impostas. Esses grupos argumentam que os fogos de artifício são um símbolo da independência americana e não deveriam ser taxados. Em uma carta dirigida a Trump, eles mencionaram que a independência da América deveria ser celebrada com festas e apresentações, reforçando a importância de manter os fogos acessíveis.
Os fogos de artifício têm uma longa tradição associada a festividades nos Estados Unidos, com raízes que remontam a diversas culturas, incluindo a europeia e a chinesa. No século XIX, imigrantes italianos trouxeram técnicas de pirotecnia que se tornaram populares nas celebrações americanas. Embora a produção de fogos de artifício simples seja relativamente fácil, os utilizados nas grandes exposições apresentam riscos significativos e são sujeitos a regulamentações rigorosas.
Em 2022 e 2023, aproximadamente 16.000 contêineres de fogos foram importados, com a grande maioria vindo da China. Além disso, a segurança para a fabricação de fogos nos EUA é uma preocupação, resultando em dificuldades para encontrar seguradoras dispostas a cobrir o risco desse tipo de produção. Recentemente, uma explosão em uma fábrica de fogos na China resultou na morte de nove pessoas e deixou mais de 20 feridos, destacando os perigos envolvidos na indústria.
Os shows de fogos, apesar de populares, têm margens de lucro reduzidas, dificultando a absorção de tarifas de 30%. A crescente elevação de preços pode afastar os consumidores, uma vez que fogos de artifício são considerados um luxo. Importadores e vendedores têm explorado novas opções, como a importação de fogos do Camboja ou do Brasil, mas estes países ainda não têm a capacidade ou infraestrutura para atender a demanda e os requisitos de segurança exigidos pelos EUA.
Trump, assim como muitos outros americanos, sempre demonstrou apreço por grandes exibições de fogos de artifício. Porém, a Administração atual se mostrou pouco disposta a considerar as necessidades da indústria. Um porta-voz da Casa Branca enfatizou que prosperidade verdadeira e patriotismo não se restringem a festas com fogos baratos feitos no exterior, mas sim à construção de cidades vibrantes e uma classe trabalhadora forte.
Aumentar a produção de fogos de artifício nos Estados Unidos não é uma tarefa simples. Há desafios significativos relacionados às regulamentações sobre produtos químicos perigosos e a necessidade de trabalhadores qualificados para manipulação segura dos explosivos. A indústria anseia por clareza em relação às tarifas, permitindo que os importadores se planejem e garantam que os shows para o próximo ano possam ocorrer.
Os representantes da indústria destacam que a atual situação é crítica e que este deve ser um dos maiores 4 de julho que já houve nos Estados Unidos, ressaltando a importância de celebrar esta data com fogos de artifício acessíveis e disponíveis.