
O Plebiscito Popular teve início nesta terça-feira, 1º de agosto, com o objetivo de envolver a população brasileira em uma votação sobre dois temas importantes: o fim da escala de trabalho 6×1 e a taxação de pessoas com alta renda. A iniciativa é capitaneada por movimentos populares, centrais sindicais, partidos progressistas e organizações da sociedade civil, buscando ampliar o debate sobre questões que, segundo os organizadores, têm sido ignoradas por um Congresso considerado conservador.
Uma cartilha do Plebiscito Popular explica detalhadamente os principais assuntos a serem votados, além de fornecer orientações sobre como participar do processo. O documento sugere formas de mobilização política, visando conscientizar mais pessoas sobre os temas e incentivar a participação na votação, que é opcional. A votação estará aberta até o dia 7 de setembro, com a divulgação dos resultados programada para 6 de outubro. Para garantir uma maior adesão, estão sendo organizados mutirões que permitirão votações semanais em diferentes locais.
Igor Felipe, um dos representantes da Comissão Executiva Nacional do Plebiscito, explicou que o objetivo principal vai além da contagem de votos, pretendendo mobilizar e unir a classe trabalhadora em torno de reivindicações concretas. Ele destacou a necessidade de pressionar o Congresso Nacional para que atenda demandas da população. Para ele, a institucionalização da pauta de direitos dos trabalhadores e a taxação dos super-ricos são passos essenciais. Felipe mencionou que o Congresso tem receio da pressão popular, o que pode influenciar suas decisões.
O plebiscito popular já foi utilizado por movimentos sociais desde o final dos anos 1990 para discutir uma variedade de temas, como a dívida externa e a convocação de uma nova Constituinte. Igor Felipe ressaltou a importância da tradição de 25 anos do plebiscito como um método de envolvimento e mobilização das forças populares.
Jornada mais justa: fim da escala 6×1
Uma das propostas em discussão é a redução da jornada de trabalho sem a diminuição salarial, além do fim da escala 6×1, que foi destacada no ano passado pelo movimento Vida Além do Trabalho (Vat), liderado pelo vereador Rick Azevedo. Igor Felipe afirmou que o uso da tecnologia no trabalho tem contribuído para aumentar a exploração dos funcionários, que muitas vezes se veem obrigados a permanecer conectados, respondendo a mensagens de trabalho mesmo fora do horário. A escala 6×1, que impõe seis dias de trabalho com apenas um dia de descanso, é considerada por muitos como uma forma de precarização das condições de trabalho. Para os trabalhadores, acabar com esse modelo ajudaria a melhorar a qualidade de vida e a equilibrar melhor o tempo entre trabalho e lazer.
Imposto mais justo: taxar os mais ricos
A segunda questão em pauta é a proposta de taxação sobre os mais ricos. A ideia é que pessoas que ganham mais de R$ 50 mil mensais paguem mais Imposto de Renda, enquanto aqueles que recebem até R$ 5 mil teriam isenção. Igor Felipe destacou que a maior parte dos impostos no Brasil recai sobre os trabalhadores com renda média, enquanto os super-ricos desfrutam de benefícios e isenções. A proposta visa tanto corrigir as distorções do sistema tributário brasileiro, que atualmente penaliza os de menor renda, quanto garantir que todos paguem impostos de forma justa. A intenção do plebiscito é que essas questões sejam discutidas e levadas ao Congresso, que tem, segundo Felipe, um papel significativo nas decisões políticas do país.
Igor Felipe acredita que o plebiscito pode representar uma nova fase de mobilização e reivindicações da classe trabalhadora, buscando uma mudança real nas políticas públicas.