Renato Freitas responde a pedido de cassação por ato em mercado

Os deputados estaduais Ricardo Arruda, do PL, e Tito Barichello, do União Brasil, juntamente com os vereadores de Curitiba Bruno Secco, do PMB, e Guilherme Kilter, do Novo, protocolaram nesta sexta-feira uma representação à presidência da Assembleia Legislativa do Paraná. A ação busca a quebra de decoro parlamentar e a perda do mandato do deputado Renato Freitas, do PT. Essa iniciativa foi motivada por um protesto realizado por Freitas em um supermercado de Curitiba na última quarta-feira.

Durante o protesto, Renato Freitas se manifestou contra a morte de Rodrigo da Silva Boschen, um jovem de 22 anos que, segundo informações, foi espancado após supostamente furtar produtos do mercado. O corpo do jovem foi encontrado depois em uma rua próxima ao estabelecimento, e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Paraná.

No dia do protesto, Freitas utilizou um megafone para se dirigir aos clientes e funcionários do supermercado, paralisando as filas de pagamento por cerca de 15 minutos. Ele argumentou que a ação não era apenas uma manifestação, mas uma forma de chamar a atenção para a gravidade da situação, dizendo que havia “sangue no produto” e uma mãe em luto.

Na representação apresentada, Tito Barichello argumentou que Freitas abusou de suas prerrogativas como parlamentar, desrespeitando a dignidade do cargo. Bruno Secco, por sua vez, afirmou que, apesar do tema sensível, a maneira como o deputado se dirigiu aos presentes ultrapassou os limites do razoável e causou constrangimento aos clientes e trabalhadores.

As quatro representações foram enviadas à presidência da Assembleia e, em seguida, serão encaminhadas à Corregedoria da Casa, que poderá unificá-las por se referirem ao mesmo incidente.

Renato Freitas, por sua vez, respondeu criticando os deputados e vereadores que apresentaram as representações, chamando-os de “hipócritas” por não terem participado do protesto e, portanto, não terem o direito de criticar sua forma de manifestação. Ele afirmou que desejam desviar a atenção do assassinato de um jovem para atacá-lo.

Além do caso na Assembleia, o vereador Rodrigo Marcial, do Novo, solicitou na Câmara Municipal de Curitiba que o Ministério Público do Paraná intervenha, sugerindo uma ação penal contra Freitas por possível sabotagem durante o protesto. O vereador reportou que o deputado pareceu alterado e utilizou força para obstruir o funcionamento do mercado.

Renato Freitas é conhecido por se envolver em diversas polêmicas. Antes de assumir seu cargo de deputado, foi preso por desacato durante sua campanha em 2016, e desde então teve vários incidentes, incluindo conflitos com a polícia e uma prisão por obstrução de uma abordagem policial em 2021. Em 2022, seu mandato como vereador foi cassado após invadir uma igreja, mas o Supremo Tribunal Federal reverteu a decisão. Em 2023, ele foi alvo de um boletim de ocorrência por ameaçar outro deputado e foi retirado de um voo por não se submeter a uma revista. Ele também já se envolveu em conflitos com outros membros da Assembleia, tendo recebido uma condenação pelo Conselho de Ética por ofensas, embora essa representação tenha sido arquivada.