Protesto contra reforma da previdência no Panamá termina em morte e prisões

O Panamá está enfrentando uma intensa repressão policial após a declaração de estado de emergência na província de Bocas del Toro, que faz fronteira com a Costa Rica. Até o momento, a situação resultou na morte de um jovem de 24 anos e na prisão de 192 pessoas. A onda de protestos é uma reação à nova reforma da previdência, conhecida como lei 462.

O presidente José Raúl Mulino decretou o estado de emergência na última sexta-feira, dia 20, e a medida deve permanecer em vigor até, pelo menos, a quarta-feira, dia 25. A justificativa do governo para essa ação é a necessidade de conter “atos de vandalismo”.

Com o estado de emergência, as autoridades têm a liberdade de realizar detenções sem a necessidade de ordem judicial. Além disso, o direito ao habeas corpus foi suspenso. O governo também assumiu o controle de dispositivos eletrônicos e pode censurar o uso das redes sociais, o que inclui a proibição de reuniões sociais e religiosas.

Os protestos na região de Bocas del Toro, que haviam diminuído, foram retomados após a prisão de três líderes sindicais. Há relatos de repressão severa, incluindo alegações de desaparecimentos forçados, interrupção das comunicações e casos de tortura. Testemunhas afirmam que homens indígenas teriam sido forçados a ficar nus, com os cabelos raspados e exibidos pelas forças de segurança.

A Polícia Nacional informou que, na madrugada do sábado, dia 21, um grupo de pessoas forçou a entrada em um depósito de insumos médicos na cidade de Changuinola, em Bocas del Toro.

Embora haja uma morte confirmada, os números exatos de feridos não são claros, já que a comunicação está severamente restringida. O governo declarou que 13 policiais também ficaram feridos durante as manifestações.

A história de tumultos na região não é nova. Em 2010, protestos contra a “Lei Linguiça” resultaram em duas mortes e mais de 200 feridos. Naquela ocasião, José Raúl Mulino era o recém-empossado ministro da Segurança Pública.