
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu cancelar o Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass, um documento essencial que permite a uma empresa realizar transporte aéreo. Sem esse certificado, a empresa não pode operar voos comerciais.
Com essa decisão, as atividades da Voepass estão oficialmente encerradas. A companhia vinha lutando para retomar suas operações desde o ano passado, após terem seus voos suspensos em 11 de março de 2023. Essa suspensão ocorreu devido a várias falhas e problemas em suas aeronaves, identificados durante inspeções, que não foram resolvidos.
A empresa tentou convencer a Anac a manter a suspensão das operações, alegando que precisava de mais tempo para apresentar justificativas e corrigir as falhas encontradas. No entanto, a Anac considerou que a Voepass teve tempo suficiente para resolver as questões recorrentes, mas não apresentou soluções adequadas.
Durante uma reunião sobre o caso, representantes da Voepass argumentaram que a empresa precisava de ajuda para se reerguer e que a decisão de cancelar a operação foi muito rápida, sem dar tempo para que a companhia se reestruturasse. O diretor Luiz Ricardo Nascimento, relator do caso, rejeitou esses argumentos, afirmando que a empresa não demonstrou competência para solucionar os problemas identificados.
A Anac também iniciou uma “Operação Assistida” para investigar os equipamentos da Voepass após um grave acidente aéreo em agosto de 2022, que resultou na morte de 62 pessoas na queda de um avião em Vinhedo, interior de São Paulo.
Relatos de inspeções revelaram pelo menos cinco falhas significativas nas aeronaves da Voepass, como deformações na fuselagem e danos nas portas de carga, em quatro aeronaves diferentes. A Anac destacou, por meio de auditorias, que a Voepass apresentava um cenário de perda de confiabilidade em seus métodos internos de detecção e correção de problemas.
As investigações foram realizadas nas bases de manutenção da empresa localizadas em vários aeroportos de São Paulo, além de Recife e no Rio de Janeiro. Em todos os casos, não foram encontrados registros adequados de ações corretivas ou notificações sobre danos.
Nos últimos um ano e meio, a Anac abriu 15 processos administrativos sancionadores contra a Voepass. Em abril, a empresa também solicitou recuperação judicial.