
Após a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que termina na próxima sexta-feira, dia 21, o governo federal brasileiro planeja criar 12 novos assentamentos de reforma agrária nos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas, localizados no sul do Pará. Essas áreas, anteriormente utilizadas pela mineradora Vale, agora são reivindicadas por famílias sem terra.
O presidente do Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi, informou que o processo está quase finalizado. Ele anunciou que uma parte significante da terra, entre 30 e 40 mil hectares, será destinada à regularização para essas famílias, que há muito aguardam por sua vez. Em sua participação no debate “A Reforma Agrária e as soluções populares frente à crise climática”, Aldrighi garantiu que tudo está sendo preparado para a nova alocação de terras, e o presidente Lula deve visitar Parauapebas ainda este ano para fazer os anúncios oficiais.
O Pará é o estado com o maior número de pessoas aguardando a regularização de terras. Estima-se que cerca de 30 mil famílias estejam acampadas em busca de um espaço para cultivarem e se estabelecerem.
A reforma agrária é vista como uma solução não apenas para garantir terra para os sem-terra, mas também como uma medida essencial para enfrentar a crise climática. No país, mais de 140 mil famílias estão na espera por terra para praticar a agricultura familiar. Durante o debate na COP30, Aldrighi destacou que a agricultura familiar pode ajudar a atenuar os impactos das mudanças climáticas, já que a exploração do agronegócio é um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa no Brasil.
As emissões resultam de práticas como desmatamento e aproveitamento de terras para pastagens e monoculturas de produtos como soja, milho e algodão. Aldrighi enfatizou que é essencial incluir a questão do uso da terra nas discussões sobre como mitigar a crise climática.
Além da distribuição de terra, a reforma agrária almeja promover a produção de alimentos de forma sustentável, respeitando os recursos naturais. Renata Menezes, representante do Coletivo de Juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também participou do debate e destacou a necessidade de enfrentar as desigualdades sociais junto com as questões ambientais.
Ela enfatizou que não é possível encontrar soluções para os desafios ambientais sem abordar a desigualdade e a exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais. “Isso inclui a gestão da água, da terra e a forma como organizamos nossas cidades”, disse. Menezes acrescentou que a reforma agrária é uma parte fundamental para alcançarmos um país com justiça ambiental.

