Líderes debatem transição energética e adesão da Alemanha a fundo florestal

A Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, chega ao segundo dia de negociações nesta sexta-feira (7). O foco principal das discussões é a transição energética e a atualização das metas do Acordo de Paris, que completará dez anos em 2025. Durante o evento, espera-se que os países revelem como planejam aumentar suas ambições em relação às metas climáticas. Nesta sexta, a Alemanha deve anunciar sua adesão ao Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo Brasil na abertura da cúpula.

As conversas sobre o Acordo de Paris são essenciais para determinar o ritmo da descarbonização global. O objetivo é entender como cada nação está progredindo na substituição de fontes poluentes, como os combustíveis fósseis, por alternativas mais limpas e sustentáveis. Isso é fundamental para a redução das emissões de gases do efeito estufa.

Carlos Rittl, especialista em políticas de mudanças climáticas, destacou a importância de avaliar o progresso alcançado até agora. Segundo ele, a cúpula permitirá discussões sobre financiamento e a necessidade de reconhecer as lacunas existentes, como a falta de ambição climática e recursos para adaptação às mudanças climáticas.

Além disso, o Brasil pretende defender a ideia de uma “transição justa”, que busca conciliar metas ambientais com o desenvolvimento social. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a necessidade de discutir a transição energética em relação às decisões tomadas na COP28, que tratou do compromisso global para reduzir o uso de combustíveis fósseis. A expectativa é que as conversas ajudem a criar um plano de ação claro, que inclua um cronograma e diretrizes sobre como financiar essa transição.

No primeiro dia da cúpula, Lula anunciou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que é uma iniciativa inédita visando financiar a preservação das florestas tropicais. O fundo, que combina recursos públicos e privados, pretende movimentar cerca de US$ 125 bilhões. Os investimentos serão utilizados para compensar países e comunidades locais que mantêm suas florestas intactas.

Até o momento, Brasil, Indonésia, Noruega, Portugal e França comprometeram-se a contribuir com mais de US$ 5 bilhões para o fundo, atingindo mais da metade do valor desejado para o primeiro ano. A Alemanha deve informar o seu aporte nesta sexta-feira.

Lula destacou que, pela primeira vez, os países do Sul Global estão assumindo um papel de liderança em questões ligadas às florestas, enfatizando sua importância na retenção de carbono e na proteção da biodiversidade. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também elogiou a iniciativa, afirmando que ela representa um avanço nas negociações climáticas.

No entanto, organizações ambientais expressaram cautela. Karen de Oliveira, da The Nature Conservancy Brasil, alertou sobre os riscos associados ao modelo de financiamento, que pode depender excessivamente de capital privado. O Greenpeace Brasil destacou preocupações sobre como o fundo será operacionalizado e se comprometeu a defender melhorias na responsabilização dos pagamentos, priorizando a compensação a países e comunidades envolvidos na proteção das florestas.

Críticas também vieram do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vê o fundo como uma estratégia do capital que não aborda as causas estruturais do desmatamento. Bárbara Loureiro, representante da organização, expressou que essas soluções podem reforçar a exploração dos recursos naturais no Sul Global em vez de promover mudanças reais e duradouras.

Em resumo, a Cúpula da COP30 é uma oportunidade importante para os líderes globais discutirem a urgência da ação climática e o futuro das florestas do mundo. As iniciativas, embora promissoras, encontram desafios e críticas que precisarão ser enfrentados para garantir um futuro sustentável.