
O secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta terça-feira (28) um ataque a embarcações no Oceano Pacífico, resultando na morte de 14 pessoas. Este é o ataque mais letal desde que começaram os bombardeios americanos em águas sul-americanas.
Hegseth informou que quatro embarcações foram atingidas em bombardeios realizados na segunda-feira (27), destacando que as ações ocorreram em águas internacionais. Entretanto, não foi revelada a localização exata dos ataques. Desde o início das operações, em setembro, ao menos 14 embarcações já foram atacadas, resultando em um total de 57 mortes.
O secretário de Guerra declarou que os Estados Unidos estão mudando sua abordagem, afirmando que, por mais de 20 anos, o país defendeu outros Estados e agora se voltou para a defesa do seu próprio território. Segundo ele, os alvos dos ataques são narcotraficantes que, segundo suas alegações, são responsáveis por mais mortes de americanos do que a organização terrorista Al-Qaeda. No entanto, até o momento, não foram apresentadas provas que confirmem que os alvos dos ataques são, de fato, narcotraficantes.
A declaração de Hegseth gerou reações, incluindo a do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que classificou os ataques como crimes de guerra. Ele ressaltou que ações de combate ao narcotráfico podem ser feitas sem causar mortes, como demonstra a apreensão recente de sete toneladas de cocaína na Europa.
Os ataques ocorrem em um contexto de crescente tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que sua inteligência desmantelou três operações da CIA com o intuito de desestabilizar o governo venezuelano. Recentemente, o presidente Donald Trump admitiu que autorizou operações da CIA na Venezuela.
Além disso, os Estados Unidos enviaram o contratorpedeiro USS Gravely para Trinidad e Tobago, onde fuzileiros navais americanos estão realizando treinamentos militares até o dia 30 deste mês. Caracas caracterizou essa movimentação como uma “provocação hostil” e uma “ameaça à paz no Caribe”. A distância entre a Venezuela e Trinidad e Tobago é de aproximadamente 14 quilômetros.
Maduro alegou que uma das operações da CIA incluía um plano de provocar um ataque contra navios militares da Venezuela, com o intuito de justificar uma retaliação. Especialistas afirmam que, caso houvesse uma invasão à Venezuela, países como Trinidad e Tobago poderiam ser aliados dos Estados Unidos, mas enfatizam que qualquer conflito seria liderado pelos americanos.
Em meio a toda essa situação, o presidente do Equador, Daniel Noboa, propôs a instalação de bases militares estrangeiras nas Ilhas Galápagos, citando a necessidade de combater o narcotráfico, estratégia semelhante à utilizada pelos Estados Unidos. Apesar da proibição de bases militares estrangeiras no Equador desde 2008, Noboa convocou um referendo para reverter essa legislação, previsto para o dia 16 de novembro.
A analista internacional Rose Martins destacou a preocupação com o aumento da tensão na região, observando que a proximidade entre a Venezuela e Trinidad e Tobago intensifica a situação. Ela enfatizou que os Estados Unidos parecem estar buscando fortalecer sua influência na América do Sul e neutralizar a presença da Rússia e da China na região.
Por fim, no dia 27, dois bombardeiros B-1B da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoaram o mar do Caribe, próximos à costa venezuelana, representando a terceira demonstração de força americana na área em três semanas.

