
Na última quarta-feira, 17 de outubro, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, divulgou um relatório sobre os efeitos do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos ao país. A apresentação, realizada em Havana, reuniu jornalistas e representantes de diferentes nações.
O documento contempla o período de março de 2024 a fevereiro de 2025 e estima que o bloqueio tenha causado prejuízos de aproximadamente 7,5 bilhões de dólares. Essa cifra representa um aumento de cerca de 50% em comparação ao ciclo anterior. Rodríguez atribui esse aumento à intensificação das sanções pelo governo dos Estados Unidos, liderado na época pelo presidente Donald Trump e pelo secretário de Estado Marco Rubio.
O ministro pontuou que a situação gerada pelo bloqueio é evidente nas dificuldades enfrentadas pela população cubana. Segundo ele, o objetivo das sanções é provocar uma “mudança de regime” na ilha, criando obstáculos econômicos que afetam diretamente a vida dos cidadãos. Em um contexto de escassez de energia elétrica, Rodríguez destacou que apenas em 60 dias, os danos somaram cerca de 1,6 bilhão de dólares, quantia que poderia ser utilizada para garantir o fornecimento de combustível necessário à geração de eletricidade.
Rodríguez enfatizou que o impacto do bloqueio vai além dos números, classificando-o como uma “dano humano extraordinário”. Ele ressaltou que não é possível quantificar o sofrimento e as privações que essa política impõe às famílias cubanas.
O relatório faz parte da resolução que Cuba apresentará à Assembleia Geral das Nações Unidas, pedindo o fim do bloqueio. Cuba propõe essa resolução anualmente desde 1992, e tem recebido apoio quase unânime, com exceção dos Estados Unidos, Israel e alguns aliados.
O projeto será discutido e votado nos dias 28 e 29 de outubro, em um cenário internacional tenso, com ênfase no unilateralismo e nas ações agressivas dos Estados Unidos.
Além do bloqueio, Rodríguez alertou sobre a situação de tensão na região do Caribe. Ele convocou a comunidade internacional a agir contra as ações provocativas dos Estados Unidos, que, segundo ele, estão levando a região à beira da guerra. O chanceler descreveu ações dos EUA, como a destruição de embarcações e execuções extrajudiciais, como perigosas e ilegais.
Rodríguez também criticou a política externa dos Estados Unidos, enfatizando que o país atua de forma agressiva não apenas contra Cuba, mas contra diversas nações ao redor do mundo. Ele desafiou a narrativa do governo americano de combate ao tráfico de drogas, argumentando que os EUA, na verdade, são um dos principais centros financeiros para a lavagem de dinheiro associado ao crime organizado.
O bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba, em vigor desde 1962, é um conjunto de sanções destinadas a limitar as capacidades econômicas da ilha, com a finalidade de promover mudanças no governo cubano. Essa política tornou-se um pilar da estratégia dos Estados Unidos, permanecendo mesmo com as mudanças de administração ao longo das décadas.
Após a queda da União Soviética, o país enfrentou uma grave crise econômica, resultando em sanções mais rígidas por meio de leis como a Torricelli (1992) e a Helms-Burton (1996), que dificultam ainda mais o comércio. As restrições afetam diversas áreas, como a importação de alimentos, medicamentos e equipamentos, além do turismo, uma importante fonte de renda para a ilha.
O impacto econômico e social do bloqueio é profundo. As sanções encarecem as transações e restringem o desenvolvimento do país. O chanceler Bruno Rodríguez afirmou que essa política é o maior obstáculo à recuperação e ao crescimento econômico de Cuba. A comunidade internacional, por sua vez, condena frequentemente essas medidas, quando discutidas na Assembleia Geral da ONU, destacando suas violações dos direitos humanos e da soberania de Cuba.

