Como Israel gerencia múltiplas frentes de conflito global

Israel enfrenta atualmente cinco frentes de combate simultâneas, resultando em custos elevados em termos militares, econômicos e sociais. Desde o ataque do Hamas a partir de Gaza, em 7 de outubro de 2023, a resposta do governo de Benjamin Netanyahu desencadeou uma guerra que se prolonga até os dias atuais, exigindo que o Exército israelense amplie seus recursos para lidar com os novos conflitos na região.

Vários grupos, como o Hezbollah no Líbano e os houthis no Iémen, também intensificaram os ataques contra Israel. O ataque do Hezbollah, em resposta às ações em Gaza, evoluiu para um conflito aberto que desgastou significativamente esse grupo. Além disso, Israel lançou ataques aéreos contra alvos no território controlado pelos houthis, que dominam cerca de um terço do Iémen, com o objetivo de neutralizar as ameaças oriundas de lá.

Na Síria, Israel aproveitou a instabilidade gerada pela guerra civil, realizando ataques periódicos para minar a infraestrutura militar do país e expandir o controle sobre as Colinas de Golã. Para o governo israelense, organizações como Hamas e Hezbollah, além de milícias sírias, são vistas como extensões do que consideram sua maior ameaça: o Irã.

O conflito com o Irã se intensificou após um período de operações clandestinas. Desde junho, os dois países estão em um confronto aberto, mas a duração desse conflito ainda é incerta. A capacidade de Israel de manter tantas frentes de combate e por quanto tempo essa pressão militar pode ser sustentada são questões em debate.

Israel possui um dos exércitos mais equipados do mundo, e seu orçamento militar para 2024 aumentou em 65%, alcançando US$ 46,5 bilhões. Essa quantia representa aproximadamente 8,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que o posiciona como o segundo maior do mundo, atrás apenas da Ucrânia. A Força Aérea israelense é particularmente avançada, dispondo de caças de alta performance que têm sido usados em missões contra instalações no Irã.

Apesar da robustez militar, recentes ataques iranianos conseguiram atingir alvos em Israel, resultando em perdas de vidas. Os sistemas de defesa, embora eficazes, não são infalíveis. Para muitos especialistas, fatores como a disponibilidade de recursos e a sobrecarga do exército dos EUA, que está focado em apoiar a Ucrânia, podem prejudicar a capacidade de Israel de sustentar suas operações.

Em termos de recursos humanos, Israel conta com 178 mil soldados ativos e cerca de 460 mil na reserva. Desde o início do conflito, o governo mobilizou uma quantidade recorde de reservistas, enfrentando críticas devido ao impacto disso na economia e na vida pessoal deles.

A política interna de Netanyahu também é complexa, pois, embora exista apoio considerável à campanha militar contra o Irã, há pressão para que todos os setores da sociedade, incluindo os ultraortodoxos que estão isentos do serviço militar, participem do esforço de guerra.

Atualmente, a situação no campo político é favorável ao governo, com a oposição demonstrando apoio à guerra. No entanto, uma prolongação do conflito ou um evento desastroso poderia mudar essa dinâmica. Enquanto isso, as críticas sobre a condução do governo em relação à guerra em Gaza foram minimizadas pela urgência da situação militar.

Os custos da guerra são exorbitantes. As operações em Gaza já geraram gastos de aproximadamente US$ 67,5 bilhões, enquanto os custos com mísseis, que são comprados a preços elevados, adicionam um peso financeiro significativo às contas de Israel.

No momento, Israel está em uma posição financeira forte, podendo suportar esses gastos, mas a perspectiva a longo prazo sugere que a economia pode sofrer com essa pressão militar contínua.