Compromisso e engajamento marcam Brasil de Fato

Na noite desta segunda-feira, 27 de novembro, o projeto de documentário “Território em Fluxo” foi premiado na 47ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A cerimônia aconteceu no Teatro Tucarena, em São Paulo, e é considerada uma das mais relevantes homenagens ao jornalismo no país.

“Território em Fluxo” é uma série documental que aborda a Cracolândia, um território marginalizado em São Paulo, através de uma perspectiva que busca romper estigmas, enfocando o cuidado e o direito à cidade. A série é dividida em cinco episódios que exploram temas como moradia, segurança pública, saúde, cuidado, arte e cultura, trazendo as vozes de quem vive e trabalha na área. Os episódios estão disponíveis no YouTube.

Nina Fideles, diretora executiva do projeto, expressou a importância do prêmio e sua relevância para o jornalismo. Ao receber o troféu, ela agradeceu a todos os envolvidos, destacando o trabalho que representa a paixão e a busca pela verdade. Fideles enfatizou que a série cresceu a partir de nove meses de apuração, durante os quais a equipe se dedicou a conhecer as experiências e realidades das pessoas que habitam a Cracolândia.

Antes da premiação, os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar experiências em uma Roda de Conversa. Nesse espaço, Beatriz Drague Ramos, jornalista integrante da equipe de “Território em Fluxo”, explicou que as investigações começaram a partir da extinção da política de redução de danos em 2017, quando o governo de João Dória desmantelou iniciativas que ajudavam a população local. Beatriz contou sobre a aproximação com coletivos que realizam trabalho social na região, tentando oferecer apoio emocional e recursos para essa comunidade.

Ela ressaltou que a equipe buscou entender as histórias das pessoas na Cracolândia, percebendo que, apesar das dificuldades enfrentadas, existe uma rica vida social e comunitária, impulsionada pelas iniciativas dos coletivos.

“Território em Fluxo” teve como concorrentes produções renomadas, como “Cuidados Paliativos: vida até o último dia de vida”, da TV Globo, e “Mães de Luta”, da TV Brasil.

Durante a cerimônia, Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog, destacou a importância do jornalismo na defesa da democracia e dos direitos humanos. Ele enfatizou o papel do jornalismo como um guardião da soberania e dignidade dos cidadãos.

Neste ano, o Prêmio recebeu um total de 485 inscrições em diversas categorias, incluindo texto, vídeo, áudio, multimídia e fotografia. Um júri composto por 58 especialistas foi responsável por selecionar os trabalhos finalistas. Para comemorar os 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog, foi criada uma nova categoria, chamada Defesa da Democracia. Essa categoria visa destacar produções que tratam de questões políticas atuais e o respeito às instituições democráticas.

O Prêmio Vladimir Herzog foi criado em 1979 em memória do jornalista que foi assassinado durante a ditadura militar no Brasil, e desde então, ele reconhece produções que promovem os direitos humanos. Em 2023, a organização passou a ser responsabilidade do Instituto Prêmio Vladimir Herzog, que é formado por diversas instituições da sociedade civil e pela família Herzog.