Feicoop completa 31 anos de resistência e inovação em Santa Maria

Entre os dias 10 e 12 de outubro, a cidade de Santa Maria sediará a 31ª Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop). Este evento é considerado um dos maiores encontros de economia solidária da América Latina. Ao longo de suas três décadas de existência, a feira não se limitou apenas à comercialização, mas se transformou em um importante espaço para debates, articulações políticas e manifestações culturais, projetando a cidade em nível nacional e internacional.

A Feicoop foi criada em 1994 com o objetivo de dar visibilidade a um modelo alternativo de produção e consumo. José Carlos Peranconi, coordenador do Projeto Esperança/Cooesperança e um dos organizadores do evento, recorda que a ideia era inovadora para a época, pois o conceito de economia solidária ainda não era amplamente discutido, embora já fosse praticado por muitos.

Embora a Irmã Lourdes Dill, figura emblemática da feira e defensora da economia solidária, não esteja presente nesta edição devido a uma missão na África, seu legado continua sendo uma inspiração. Ela dedicou mais de trinta anos ao movimento, defendendo a proposta de que a Feicoop é um espaço que une as forças da economia solidária e da agricultura familiar não apenas do estado, mas de toda a América Latina e além, promovendo a sustentabilidade e o bem viver.

O evento cresceu significativamente desde suas origens modestamente, reunindo agricultores familiares, comunidades indígenas, quilombolas, grupos autogestionários e movimentos sociais. De acordo com Peranconi, a Feicoop se destaca por promover trocas culturais, discussões relevantes e por fortalecer práticas de autossustentação.

Organizada por um esforço coletivo que engloba muitos voluntários e coordenações temáticas, a feira consegue operar mesmo diante de desafios financeiros, garantindo que todos os expositores possam participar sem custos de espaço. O intuito é fazer de Santa Maria um ponto de referência para a economia solidária.

A feira também traz benefícios econômicos para a cidade, movimentando hotéis, restaurantes e outros serviços locais. Para os participantes, é uma oportunidade de se fortalecer e enfrentar os desafios de um mercado competitivo que muitas vezes desconsidera práticas de consumo ético e sustentável.

A programação da 31ª edição inclui uma variedade de atividades que envolvem gastronomia, artesanato, agroindústrias, panificação e apresentações culturais, além de discussões que ressaltam a economia solidária como uma solução essencial diante das crises ambientais recentes enfrentadas no estado e no país.

O tema central deste ano, “Construindo a Ecologia Integral frente às Emergências Climáticas”, busca refletir sobre os efeitos das enchentes e desastres naturais recentes. Peranconi afirma que o objetivo é discutir propostas práticas que demonstrem como a economia solidária pode ser uma alternativa eficaz em tempos de crise climática.