Ministros de Lula participam de ato em SP contra anistia a golpistas

Neste domingo, 7 de setembro, cerca de 30 mil pessoas se reuniram na Praça da República, em São Paulo, para uma manifestação organizada por setores da esquerda. O principal assunto em pauta foi a oposição à proposta de anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado no país.

Entre os principais nomes que podem ser beneficiados pela anistia está Jair Bolsonaro, que enfrenta a possibilidade de até 40 anos de prisão. O julgamento do ex-presidente começou no dia 2 de setembro e deve ser finalizado em 12 de setembro. Neste meio tempo, tanto as defesas dos réus quanto a Procuradoria-Geral da República já apresentaram suas argumentações. O ministro Alexandre de Moraes, que relata o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), já se manifestou em favor da condenação, e agora os outros ministros do tribunal devem votar.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, criticou os pedidos de anistia durante os protestos que ocorreram em várias cidades no mesmo dia. Ele afirmou que solicitar anistia antes de uma condenação é como uma confissão. Marinho destacou que a Constituição do país não permite anistia para crimes contra a pátria, e que se o Congresso aprovar algo inconstitucional, o Supremo deverá avaliar a situação.

Marinho também se posicionou sobre as pressões internacionais, citando o governo dos Estados Unidos, que tem imposto tarifas sobre produtos brasileiros como parte de uma estratégia política em apoio a Bolsonaro. Ele afirmou que, apesar das pressões, o país continuará a crescer e fortalecer suas instituições.

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, reforçou a crítica ao aumento das tarifas pelos Estados Unidos, acusando o governo americano de agir de maneira injustificada. Ele ressaltou que essas medidas prejudicam não só a economia do país, mas também os trabalhadores e consumidores nos EUA.

Durante a manifestação, os parlamentares da oposição também se pronunciaram. O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por buscar apoio em Brasília para a proposta de anistia. Boulos descreveu a atitude de Tarcísio como lamentável e uma tentativa de se aproximar de Bolsonaro com vistas a futuras eleições.

O parlamentar disse que a maioria da população não apoiará a anistia, mas outras iniciativas voltadas para melhorar a vida dos trabalhadores, como a taxação dos super-ricos e a ampliação da isenção de impostos para quem ganha menos de R$ 5 mil.

Por sua vez, a deputada Ediane Maria (Psol) afirmou que Tarcísio tenta se posicionar como um sucessor de Bolsonaro, mas não engana o povo. Para ela, a presença do governador em Brasília em vez de trabalhar em São Paulo mostra que ele está buscando marketing político em vez de governar.

Movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também participaram do ato. Gilmar Mauro, diretor nacional do MST, destacou que a manifestação é uma retomada do ativismo popular, focada em temas como a defesa da soberania nacional, a taxação dos super-ricos e o repúdio à anistia. Ele alertou que, historicamente, as anistias levam a retrocessos e novas tentativas de golpe.

Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, ressaltou a importância de mobilizações atuais frente a atos do bolsonarismo. Bonfim enfatizou a luta por justiça social e a defesa da democracia e da soberania do país, repudiando qualquer ingerência estrangeira em assuntos nacionais.

O clima de insatisfação com a proposta de anistia se reflete no apelo dos manifestantes por justiça e medidas que beneficiem os trabalhadores, além de um chamado à resistência contra tentativas de desestabilização democrática. A mobilização na Praça da República foi vista como um recado claro a políticos e aliados internos e externos que buscam influenciar a política brasileira.