
A ideia de consumir carne cultivada em laboratório e farinha de grilo pode parecer coisa de filme de ficção científica, mas essas inovações alimentares já estão se tornando realidade em diferentes partes do mundo, como Singapura, Estados Unidos e Europa. No Brasil, essas novidades estão começando a se aproximar, impulsionadas pela busca por fontes de proteína mais sustentáveis.
Mas quando poderemos encontrar esses produtos nas prateleiras dos supermercados brasileiros? E, caso cheguem, terão preços acessíveis? Essas são algumas das questões que estão sendo analisadas, considerando a atual regulamentação, as projeções do mercado e as expectativas de preços.
Carne cultivada: próximos passos no Brasil
A carne cultivada, também conhecida como carne de laboratório, está mais perto de ser uma opção no mercado brasileiro. Recentemente, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma resolução que estabelece normas para a aprovação de “novos alimentos”, o que inclui esses produtos inovadores.
Com a aprovação da regulamentação, agora é a vez das empresas se mobilizarem. Algumas grandes companhias do setor alimentar, como a BRF, já firmaram parcerias com startups especializadas em cultivo celular. A previsão mais otimista é que os primeiros produtos de carne cultivada, como hambúrgueres ou empanados, possam chegar aos supermercados e restaurantes selecionados entre o final de 2025 e meados de 2026.
Preço da carne cultivada
É importante estar ciente de que a carne cultivada não será barata logo no início. Os custos relacionados à pesquisa e produção em biorreatores são elevados. Assim, os primeiros hambúrgueres feitos dessa maneira poderão ser vendidos entre R$ 50,00 e R$ 60,00. No entanto, há a expectativa de que, com o aumento da escala de produção, o preço possa se tornar mais acessível, atingindo paridade com a carne bovina convencional em um período de 5 a 10 anos.
Farinha de grilo: a próxima novidade?
Outra alternativa promissora é a farinha de grilo, que, embora já esteja sendo produzida por algumas startups no Brasil, está, até agora, mais voltada para a nutrição animal, como ração para pets e peixes. A utilização desse ingrediente na alimentação humana ainda enfrenta desafios, principalmente por falta de regulamentação específica da ANVISA.
As projeções indicam que, se as regras forem estabelecidas, os produtos feitos com farinha de grilo, como pães e massas, podem chegar ao mercado brasileiro apenas após 2026 ou 2027.
Preço e posicionamento da farinha de grilo
É importante destacar que a farinha de grilo não deve ser vista como uma alternativa barata para a farinha de trigo. Pelo contrário, devido ao seu alto valor nutricional e o apelo sustentável, ela deverá ser posicionada como um ingrediente funcional e de alto valor agregado, competindo principalmente com o whey protein. O preço inicial pode ser bastante elevado, chegando a centenas de reais por quilo.
Aceitação do consumidor
Um dos maiores desafios para a aceitação desses novos produtos no Brasil é a resistência cultural. Em um país conhecido por seu amor à carne, há um receio natural em consumir carne que não venha do gado, assim como em integrar insetos na alimentação. O sucesso dessas inovações dependerá, em grande parte, de estratégias de marketing transparentes que informem sobre os benefícios para a saúde e o meio ambiente.
Próximos passos
A inclusão dessas novas opções alimentares na dieta dos brasileiros passa por três etapas essenciais:
Aprovação Regulamentar: A ANVISA e o Ministério da Agricultura precisam analisar e aprovar os primeiros produtos candidatos a serem registrados no país.
Escalabilidade da Produção: As empresas devem desenvolver e otimizar suas fábricas para garantir uma produção em larga escala, o que ajudará a reduzir custos.
- Aceitação do Consumidor: Será necessário investir em educação e marketing para persuadir os consumidores a experimentarem essas novas fontes de proteína.
Embora essa revolução alimentar não aconteça de forma imediata, os primeiros passos já foram dados e, até 2030, o cenário alimentar no Brasil pode ser bem diferente do que conhecemos hoje.