
O bullying nas escolas enfrenta uma nova realidade, indo além das provocações tradicionais que ocorriam entre os alunos. Hoje, essas práticas se estendem para o ambiente digital, com exemplos como cancelamentos e exclusões em grupos de WhatsApp, o que torna o problema ainda mais difícil de ser combatido.
Recentemente, um estudo do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) revelou que mais da metade dos estudantes do ensino médio das escolas públicas do DF afirmam ter sido vítimas de bullying. A pesquisa, realizada em maio deste ano, cobriu 34 escolas e ouviu mais de mil pessoas, incluindo alunos, professores e gestores escolares. Além disso, 50,3% dos entrevistados relataram ter testemunhado casos de bullying entre colegas.
Os profissionais da educação também percebem a gravidade do problema. Cerca de 76,4% dos professores afirmaram ter lidado com situações de bullying em sala de aula, e 91,7% dos gestores disseram ter atuado em casos semelhantes em suas escolas.
Os exemplos de bullying se diversificaram. Atualmente, uma simples foto ou um comentário mal interpretado podem resultar em um linchamento virtual. Durante o ano de 2024, a Polícia Civil do DF registrou 120 denúncias de bullying nas escolas, um aumento de 243% em comparação a 2023, quando foram contabilizadas apenas 35 ocorrências.
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, destacou que combater o bullying e o cyberbullying é uma prioridade. A secretária enfatiza que as escolas precisam ser ambientes seguros, tanto no espaço físico quanto no digital. Para isso, a equipe de educação promove oficinas e ações educativas, trabalhando em conjunto com alunos, professores e gestores. Além disso, ela ressaltou a importância do envolvimento das famílias no apoio aos estudantes.
A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) tem implementado ações contínuas para prevenir e enfrentar a violência nas escolas. Isso inclui um acompanhamento integrado de situações de violência, e a Assessoria Especial de Cultura de Paz coordena iniciativas que promovem uma cultura mais pacífica no ambiente escolar, com oficinas e rodas de conversa sobre bullying e mediação de conflitos.
Os profissionais de educação e saúde mental dentro da Secretaria também têm papéis importantes. A Gerência de Orientação Educacional presta apoio a estudantes em situação de conflito, enquanto a Diretoria de Atendimento à Saúde do Estudante se concentra na saúde mental dos alunos e servidores.
As ações de prevenção também envolvem a Polícia Militar do DF, que realiza atividades de proteção e promove ações nos espaços escolares. Em 2024, workshops foram oferecidos para educadores, atingindo milhares de profissionais.
Quando se trata de ações disciplinares, as escolas seguem procedimentos que podem incluir advertências, suspensões e acompanhamento para os estudantes envolvidos em atos de bullying. Essas medidas visam não apenas punir, mas também educar, contando com apoio de ferramentas como o Conselho Tutelar e outras entidades de proteção à infância.
Depoimentos de vítimas de bullying revelam a gravidade e o impacto emocional da situação. A estudante Mariana Peretti, de 24 anos, relatou como a exposição nas redes sociais, que deveria oferecer apoio, a levou a sofrer ataques anônimos que abalaram sua saúde mental. Outro relato é de Stefany Serra Alves da Silva, que aos 12 anos enfrentou chacotas e ofensas sobre seu cabelo, afetando sua autoestima e desempenho escolar por anos.
A psicóloga Mônica Valéria alerta que os efeitos do bullying podem ser severos e duradouros, incluindo depressão e ansiedade. Ela enfatiza a necessidade de que os pais fiquem atentos a mudanças no comportamento de seus filhos e a importância das escolas na promoção de um ambiente acolhedor e seguro.
Com a nova legislação que considera bullying e cyberbullying crimes no Brasil, as punições para essas práticas passaram a ser mais rigorosas. As denúncias podem ser registradas em delegacias e por meio de canais anônimos, incluindo um número de telefone e um WhatsApp dedicados a receber denúncias.
A conscientização e a educação sobre o bullying são essenciais para criar um ambiente seguro nas escolas, e iniciativas contínuas são necessárias para garantir que os estudantes se sintam protegidos e respeitados.