
O Festival de Parintins 2025 ocorrerá de 27 a 29 de junho, na cidade de Parintins, Amazonas. Durante esses três dias, os tradicionais Bois Caprichoso e Garantido se apresentarão no Bumbódromo, um espaço emblemático onde as disputas entre as duas agremiações ganham vida.
O Boi Caprichoso, identificado pela cor azul, traz como tema para este ano “É Tempo de Retomada”. Segundo Ericky Nakanome, presidente do Conselho de Arte, essa proposta busca fazer um apelo à preservação da vida ancestral e à valorização da natureza.
Por sua vez, o Boi Garantido, que é representado pela cor vermelha, se guiará pelo tema “Boi do Povo, Boi do Povão”. Fred Góes, presidente do Garantido, explica que o tema reflete a diversidade cultural dos povos tradicionais brasileiros, mostrando como o boi bumbá é um símbolo de união.
As apresentações de Parintins são uma celebração da cultura amazônica, repletas de personagens e histórias que fazem parte do imaginário local. Mestres da cultura popular, como Djane Senna e João Gustavo Kienen, destacam que o festival é mais do que um entretenimento; é uma manifestação cultural significativa que molda e expressa a identidade dos habitantes da Amazônia.
A competição ganhou reconhecimento nacional em parte devido à participação de Isabelle Nogueira, conhecida como Cunhã Poranga, no Big Brother Brasil 2024. Essa visibilidade atraiu a atenção de todo o país para o festival, resultando em um aumento de investimentos nos espetáculos apresentados pelos bois.
Djane Senna destaca que o festival pode ser visto como uma plataforma que valoriza a cultura e a arte brasileiras, transcendendo a visão eurocêntrica. Ela ressalta que o evento não se limita apenas à arte, mas também educa sobre os costumes indígenas da região.
A organização do festival começa em agosto, mas a expectativa e os preparativos mais intensos se intensificam logo após o Carnaval. Para a economia local, esses dias são cruciais, ajudando a sustentar o município através do fluxo de turistas e das atividades relacionadas ao evento.
Raquel Teixeira, ilustradora da HQ Iracema, considera o Festival de Parintins a maior manifestação cultural do Norte do Brasil. Ela menciona que o evento é um espaço para apresentar os costumes regionais, incluindo danças, ritos, culinária e lendas.
O festival também aborda temas contemporâneos, como a proteção das terras indígenas e a necessidade de conscientização em relação ao desenvolvimento sustentável. João Gustavo Kienen acredita que o festival trabalha com uma perspectiva decolonial, reparando erros históricos e promovendo diálogo entre tradições e academia, sem hierarquias.
Durante os dias do festival, os temas dos bois se tornam centrais. O Caprichoso, com “É Tempo de Retomada”, enfatiza a harmonia com a natureza e a importância de reviver conhecimentos ancestrais. Já o Garantido, com “Boi do Povo, Boi do Povão”, celebra a diversidade cultural amazônica e a conexão das tradições com as comunidades.
Professores como Marnoy Candido afirmam que o evento é uma narrativa viva que reflete a arte, a tradição e a cultura dos povos indígenas e ribeirinhos. Ele ressalta que a festa é uma oportunidade de ampliar o conhecimento sobre a identidade amazônica, além da rivalidade entre os bois.
Estudar o festival não só enriquece o entendimento sobre a cultura nortista, mas também contribui para o reconhecimento da pluralidade cultural brasileira. A importância do festival vai além de suas apresentações; ele também serve como um espaço de educação sensível, onde o conhecimento é transmitido por meio da oralidade e da arte coletiva.
O Festival de Parintins é, portanto, uma rica expressão da identidade local e uma celebração da cultura brasileira que merece ser reconhecida e promovida.