
A Tailândia impôs novas restrições para todos os viajantes que pretendem entrar no Camboja devido a uma disputa de fronteira entre os dois países. Essas restrições afetam tanto veículos quanto pessoas que tentarem atravessar os postos de controle localizados em várias províncias tailandesas. Além disso, turistas estrangeiros que planejam voar para Siem Reap, uma das cidades mais turísticas do Camboja, também estão incluídos nas limitações.
De acordo com o Exército tailandês, a decisão de restringir o tráfego de fronteira foi tomada em função da atual situação de segurança. As relações bilaterais entre Tailândia e Camboja estão em um dos piores momentos da última década, especialmente após um incidente em maio que resultou na morte de um soldado cambojano em confrontos armados na região fronteiriça.
Desde o ocorrido, os dois países adotaram sanções mútuas. O Camboja, por exemplo, proibiu a importação de diversos produtos da Tailândia, incluindo frutas, vegetais, eletricidade e serviços de internet, além de dramas e filmes tailandeses.
Apesar das restrições, pode haver concessões para situações humanitárias, como para estudantes ou pacientes médicos, dependendo da avaliação dos oficiais nos postos de controle tailandeses. As autoridades também afirmaram que as novas regras visam combater operações de fraude ilegal que ocorrem no Camboja.
Na última segunda-feira, a primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, anunciou medidas rigorosas para enfrentar as operações de fraudes no Camboja, que incluem a suspensão de serviços de internet utilizados por agências de segurança cambojanas. Ela também declarou que turistas estrangeiros não poderão mais voar da Tailândia para a cidade de Siem Reap.
Essas ações refletem a adoção de políticas semelhantes que a Tailândia já havia implementado em relação a Mianmar, outro país que abriga redes de fraude que têm enganado milhares de estrangeiros.
A disputa entre Tailândia e Camboja também trouxe instabilidade política para o governo de Paetongtarn Shinawatra, após um vazamento de uma conversa telefônica entre ela e o ex-líder cambojano Hun Sen. Durante essa conversa, ela foi ouvida chamando-o de “tio” e sugerindo que ele ignorasse um comandante militar tailandês que estava apenas tentando “passar uma boa impressão”. Paetongtarn defendeu seu jeito de agir como uma “técnica de negociação”, mas críticos argumentaram que ela enfraqueceu a posição do influente exército tailandês. Como resultado, um importante parceiro de coalizão do seu partido, Pheu Thai, deixou a aliança.
As tensões entre Tailândia e Camboja remontam a mais de um século, desde a demarcação das fronteiras após a ocupação francesa do Camboja.