
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, conhecido como Unicef, alertou que a Faixa de Gaza está enfrentando uma grave crise hídrica devido ao colapso de seus sistemas de abastecimento de água. Em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra, o porta-voz da agência, James Elder, informou que atualmente apenas 40% das instalações responsáveis pela produção de água potável estão em funcionamento na região.
Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, que cortaram toda a eletricidade em Gaza, o combustível se tornou um recurso essencial para a produção, tratamento e distribuição de água para mais de dois milhões de palestinos. Elder enfatizou que, se o bloqueio de combustível, que já dura mais de 100 dias, continuar, as crianças da região poderão começar a morrer de sede. Ele também destacou que o cenário de caos e avanço das doenças tem se intensificado.
O representante do Unicef descreveu a situação em Gaza como uma “seca provocada pelo homem”. No dia anterior, a agência havia indicado um aumento de 50% nos casos de crianças de seis meses a cinco anos que foram internadas por desnutrição aguda entre abril e maio. Elder ressaltou que muitos dos problemas atuais não são logísticos ou técnicos, mas sim políticos. Ele afirmou com veemência que, se houver vontade política, a crise hídrica poderia ser resolvida rapidamente. Com a entrada de combustível, a água poderia fluir de centenas de poços subterrâneos e o abastecimento poderia ser restaurado em questão de dias. No entanto, ele alertou que o tempo está se esgotando.
Além da crise hídrica, a população da Faixa de Gaza, que contava com 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em situação de “risco crítico” de fome e enfrenta níveis extremos de insegurança alimentar. Um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar, que conta com o apoio de agências da ONU, grupos de ajuda e governos, apontou que um cessar-fogo entre janeiro e março deste ano trouxe um alívio temporário, mas a retomada das hostilidades reverteu essas melhorias.
Atualmente, cerca de 1,95 milhão de pessoas, o que equivale a 93% da população da Faixa de Gaza, está vivendo níveis agudos de insegurança alimentar. Desses, mais de 244 mil enfrentam uma situação considerada “catastrófica”. A pesquisa alerta que a fome generalizada está se tornando cada vez mais provável na região, com aproximadamente meio milhão de palestinos, ou um em cada cinco, passando fome.