Onde estão os insetos que grudavam no para-brisa? Veja por que diminuíram

Insetos estão sumindo? Pode parecer uma insignificância, mas os insetos que você deixa de ver espatifados nos para-brisas dos carros podem ser um alerta vermelho para um problema ecológico crescente. Para quem já viajou estradas no verão e precisou limpar o vidro do carro, a ausência desses pequenos seres pode até ser um alívio. No entanto, essa situação menos “pegajosa” na estrada vem sinalizando para uma questão muito mais séria, conforme apontam novas pesquisas.

Onde estão os insetos que grudavam no para-brisa? Veja por que diminuíram
A queda de insetos nos para-brisas suscita preocupações sobre nosso ecossistema e seus desafios ecológicos. Foto: divulgação

Para onde foram os insetos?

Pesquisadores do Reino Unido, especificamente do Kent Wildlife Trust, recentemente se voltaram para esse fenômeno. Em um estudo conduzido entre junho e agosto de 2019, com mais de 650 viagens de carro no sudeste do país, descobriram que houve uma queda de 50% na quantidade de insetos que acabam presos nos para-brisas quando comparados a dados coletados há 15 anos. Em números mais específicos, a quantidade média de insetos espatifados caiu de 0,124 manchas por quilômetro em 2004 para apenas 0,062 em 2019.

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Algumas pessoas tentaram atribuir a diminuição ao design mais aerodinâmico dos carros modernos, que poderiam, teoricamente, ser menos propensos a matar insetos. Mas a pesquisa abordou essa possibilidade envolvendo proprietários de carros mais antigos no estudo, e os resultados foram consistentes: a quantidade de insetos nos para-brisas está realmente caindo.

Esse fenômeno já vinha sendo notado desde o início do século XXI, mas só agora os estudos científicos começam a confirmar a tendência. Além do estudo britânico, pesquisadores dinamarqueses, em 2019, também relataram reduções que variam entre 80 e 97% na incidência de insetos nos para-brisas. Um estudo de 2018, realizado em torno da Floresta Nacional El Yunque, em Porto Rico, revelou que a biomassa de insetos na região caiu entre 10 e 60 vezes desde a década de 1970.

Vários fatores podem estar contribuindo para esse declínio. Mudanças climáticas, com suas oscilações imprevisíveis de temperatura, são uma causa plausível. O uso indiscriminado de pesticidas também tem um impacto direto. O desmatamento e a urbanização, que destroem os habitats naturais, além das doenças, também são fatores que afetam a população de insetos.

Sinal preocupante

É importante notar, no entanto, que enquanto o fenômeno nos para-brisas é preocupante, ele não pode ser tomado como um sinal definitivo de declínio global das populações de insetos. Algumas opiniões científicas sugerem que esse fenômeno pode indicar apenas uma mudança nos habitats, possivelmente devido à fuga dos insetos dos ambientes mais afetados pela atividade humana.

Mas as implicações de uma redução significativa de insetos não devem ser subestimadas. Insetos são polinizadores vitais para mais de um terço das culturas alimentares do mundo. Sem eles, nossa capacidade de produzir alimentos estaria em risco sério, o que teria um impacto cascata em toda a cadeia ecológica.

Portanto, a ausência de insetos nos para-brisas deve servir como um sinal de alerta, um canário na mina de carvão para mudanças mais amplas em nossos ecossistemas. Ignorar esses pequenos indicadores pode ter consequências devastadoras. Enquanto continuamos a observar e entender esses padrões, torna-se cada vez mais evidente que o bem-estar do nosso planeta está intimamente interligado a cada pequena peça desse complexo quebra-cabeça ecológico.

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