Por que a ozonioterapia é alvo de tantas polêmicas

Conhece a ozonioterapia? Ozônio, um gás de múltiplos usos, se tornou agora o centro de uma controvérsia médica que alcançou as esferas governamentais no Brasil. A aplicação deste gás em tratamentos médicos, conhecida como ozonioterapia, tem gerado opiniões divergentes e questionamentos sobre sua eficácia e segurança. Uma nova lei que autoriza a prática em todo o território nacional foi sancionada, mas será que a ciência está de acordo? Vamos explorar as facetas deste assunto complexo.

Por que a ozonioterapia é alvo de tantas polêmicas
A ozonioterapia é um procedimento debatido quanto à sua eficácia em diversos campos da medicina. Foto: divulgação

Para que serve a ozonioterapia?

A ozonioterapia é um procedimento que consiste na aplicação da mistura de gases oxigênio e ozônio em pacientes com o propósito de tratar inflamações a infecções. Este método, embora promissor para alguns, é criticado por muitos na comunidade científica, especialmente pela falta de evidências concretas que respaldem sua eficácia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em nota datada de junho de 2022, afirmou que o ozônio é um gás com forte poder oxidante e bactericida, mas destacou que não há evidências significativas de suas aplicações médicas em pacientes, exceto em usos odontológicos e estéticos.

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Conforme a Anvisa, o ozônio é autorizado apenas em tratamentos específicos, como na ação antimicrobiana para cárie dental, prevenção e tratamento de quadros inflamatórios/infecciosos na periodontia, potencialização da sanificação de canais radiculares na endodontia, auxílio no processo de reparação tecidual em cirurgia odontológica e auxílio à limpeza e assepsia de pele na estética.

Apesar das restrições impostas pela agência reguladora, conselhos federais de algumas profissões, incluindo farmácia, fisioterapia, enfermagem e biomedicina, já haviam regulamentado a prática anteriormente. Mas foi na segunda-feira (7) que o presidente Lula (PT) sancionou uma lei que autoriza a realização da ozonioterapia em todo o território nacional, tornando a regra mais abrangente, porém, ainda submetida às futuras regulamentações da Anvisa.

Em defesa do tratamento

Para os defensores da ozonioterapia, as aplicações deste gás são vastas. Wanessa Ribeiro, especialista na área e sócia-fundadora do Instituto CER Saúde Integrativa, argumenta que o ozônio pode até evitar amputações em diabéticos, auxiliando na cicatrização. Ela ainda destaca as propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e de modulação do estresse oxidativo do ozônio. Wanessa considera que as críticas são oriundas de questões de mercado e reforça que a terapia é complementar.

No entanto, a medicina continua sendo a principal área da saúde a não reconhecer a técnica. O Conselho Federal de Medicina (CFM) já afirmou que a ozonioterapia não é reconhecida para o tratamento de nenhuma doença, classificando-a como um procedimento experimental. A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Academia Nacional de Medicina (ANM) também se manifestaram contra a nova lei, alertando para a ausência de comprovação científica da eficácia da técnica e os possíveis riscos à saúde.

A questão da ozonioterapia, portanto, permanece complexa e polêmica. Enquanto alguns profissionais de saúde enxergam nela um potencial terapêutico, organizações médicas expressam suas preocupações com a falta de pesquisa e evidência para apoiar sua adoção generalizada. A recente legislação que expande o escopo da prática no Brasil certamente irá fomentar mais debates e possivelmente estimular pesquisas adicionais para avaliar se o ozônio é realmente uma ferramenta médica promissora ou apenas um elemento sem fundamentação científica sólida.

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