
Nos últimos cinco dias, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi incluído na lista de devedores da União, devendo R$ 14 mil. Essa dívida se refere a faltas não justificadas durante sessões da Câmara dos Deputados no mês de março, um período em que ele já estava nos Estados Unidos, mas antes do início oficial de sua licença parlamentar, que começou no dia 18 de março.
Na quarta-feira, 19 de outubro, a Procuradoria Geral da União atendeu a um pedido da Câmara dos Deputados e incluiu Eduardo Bolsonaro na lista de devedores. Ele deve um total de R$ 13.941,40 por quatro ausências não justificadas. Em outubro, ele já havia sido registrado no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). Essa inclusão na dívida ativa poderá restringir seu crédito.
Eduardo Bolsonaro teve sua licença parlamentar encerrada no começo de agosto e, até agora, acumula 47 faltas. Caso não consiga comprovar presença em pelo menos 2/3 das sessões, ele poderá perder o mandato. O cálculo das presenças será realizado pela Câmara no próximo ano.
Além disso, no último sábado, Eduardo foi considerado réu em um processo que investiga coação relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa ação analisa uma suposta trama golpista e a ameaça a ministros do STF, além das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras.
Os problemas de Eduardo não são recentes. Em julho, ele reclamou sobre os aumentos de tarifas feitas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que elevou os impostos sobre exportações brasileiras para pressionar o Judiciário a absolver Jair Bolsonaro. A medida teve efeito contrário: Jair foi condenado, e a situação impulsionou a popularidade do presidente Lula, atraindo críticas a Eduardo de diversos setores da direita, incluindo o agronegócio.
Desde um encontro na ONU em setembro, a relação entre Lula e Trump começou a mostrar sinais de melhora, com ambos os líderes buscando fortalecer as relações comerciais. Enquanto isso, Eduardo busca por mensagens de hostilidade dos EUA nas redes sociais.
Internamente, Eduardo Bolsonaro tem enfrentado desavenças dentro do bolsonarismo. Recentemente, ele defendeu a indicação de seu irmão Carlos para concorrer ao Senado por Santa Catarina, mas essa ideia enfrenta forte oposição local. O seu partido, o PL, só pode indicar dois candidatos, e a inclusão de Carlos aumentaria o número de candidatos do partido para três. Há uma série de trocas de farpas entre membros da família Bolsonaro e políticos locais, como o senador Esperidião Amin e as deputadas Ana Campagnolo e Carla de Toni.
Atualmente, Eduardo se encontra em El Salvador com seu irmão Flávio, onde pretendia se reunir com o presidente do país, Nayib Bukele, para discutir segurança pública. No entanto, ele foi recebido por um político de menor escalão. Por outro lado, ele evitou se encontrar com o ex-amigo e agora desafeto Nikolas Ferreira, que faz parte de uma ala mais próxima de Campagnolo e critica a confusão em Santa Catarina, gerando novos ataques de Eduardo.
O cenário político em que Eduardo se encontra é desafiador, não apenas devido a problemas pessoais e judiciais, mas também por conta da crescente rivalidade interna e da pressão externa.

