
Morreu, na última segunda-feira (3), a militante comunista Clara Charf, aos 100 anos. Sua morte é vista como uma significativa perda para a esquerda brasileira, sendo ela uma referência histórica para diversas gerações de ativistas e militantes.
Rosmeri Witcel, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), comentou sobre o impacto da vida de Clara na luta popular e feminista. “É um dia triste para quem acredita na transformação social. Clara dedicou sua vida a essa causa”, disse. Witcel lembrou que o MST surgiu no final da ditadura militar, período em que Clara retornava ao país após um longo exílio em Cuba. “Buscamos inspiração no legado de pessoas como ela, que lutou incansavelmente pela justiça social”, acrescentou.
Clara Charf era uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT) e uma importante figura do feminismo no Brasil. Witcel destacou que uma das primeiras bandeiras levantadas por Clara foi a participação das mulheres na política. “Hoje, o feminismo avança graças a inspiração de mulheres como ela”, afirmou.
Apesar de seu papel central na política, Clara muitas vezes não era reconhecida publicamente. “Ela trabalhava nos bastidores, sempre presente quando o partido precisava, mesmo que não estivesse em destaque. Era muito mais do que a esposa de Carlos Marighella”, ressaltou Witcel. Carlos Marighella, guerrilheiro comunista, foi assassinado pela ditadura militar em 1969.
Clara passou por várias dificuldades, incluindo o exílio em Cuba e a perda de seu companheiro, mas continuou sua luta até os últimos anos de vida. Witcel relembrou a coragem dela diante das adversidades. “Ela poderia ter escolhido uma vida tranquila, mas decidiu dedicar-se à luta pela dignidade de todos”, comentou.
A dirigente também recordou momentos afetuosos que viveu com Clara. “Lembro que ela nos contava engraçadas histórias sobre Marighella, como ele não gostava de passar roupa. Ela passava as roupas dele enquanto ele lia ao lado”, compartilhou.
Para Witcel, a trajetória de Clara Charf oferece esperança num momento em que a extrema direita ganha força. “Ela começou na luta aos 20 anos, enfrentando uma ditadura. Sua coragem e amor pelo povo nos inspiram a continuar a resistência”, concluiu.
Assim, Clara Charf deixa um legado importante e é lembrada como uma figura que, mesmo em tempos difíceis, ensina sobre a luta e a resistência.

