
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na última sexta-feira (19) a reimposição de sanções econômicas ao Irã. A decisão se baseia no alegado descumprimento dos compromissos do país no Plano de Ação Conjunto Global, um acordo nuclear assinado em 2015. Essa medida desagrada o governo iraniano, que tentava evitar os embargos, e ocorre em um contexto de crescente tensão nas relações entre Teerã e potências ocidentais.
O Plano de Ação Conjunto previa restrições ao enriquecimento de urânio e à quantidade de material nuclear acumulado pelo Irã, em troca da remoção de sanções internacionais e da reintegração do país ao comércio global. No entanto, o acordo começou a desmoronar em 2018, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país da negociação e adotou uma abordagem de “pressão máxima”, que incluiu a imposição de novas sanções e o isolamento diplomático do Irã. Desde então, houve várias tentativas frustradas de restabelecer o entendimento.
A tensão aumentou em junho deste ano, quando Israel atacou instalações iranianas, alegando que os bombardeios eram “preventivos” para conter o programa nuclear do país. Esses ataques resultaram na morte de cientistas e militares iranianos e provocaram retaliações, levando a um conflito aéreo que durou quase duas semanas. Poucos dias após esses eventos, os EUA realizaram um ataque inédito contra instalações nucleares no Irã, intensificando ainda mais a situação.
Em agosto, o Reino Unido, a França e a Alemanha, conhecidos como E3, acusaram formalmente o Irã de violar os termos do acordo, apontando que o país tinha reservas de urânio em níveis mais de 40 vezes superiores ao limite estabelecido. Essa acusação ativou o processo para reimposição das sanções, que culminou na votação da última sexta-feira. Nove países votaram a favor da reimposição das sanções, enquanto quatro, incluindo China e Rússia, se opuseram, e dois se abstiveram.
O governo iraniano reagiu à decisão, classificando-a como apressada e ilegal. O embaixador do Irã, Amir Saeid Iravani, declarou que o país não se sente obrigado a cumprir a resolução. O Ministério das Relações Exteriores do Irã também acusou os EUA e os países europeus de distorcerem a realidade e ignorarem os ataques que suas instalações nucleares sofreram. Contudo, Teerã apresentou uma proposta que considerou “criativa e equilibrada” às potências europeias, buscando reabrir o espaço para negociações antes do prazo final, que se encerra em 27 de setembro.
Apesar da reimposição das sanções, diplomatas destacaram que ainda há espaço para o diálogo. A embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, mencionou que as sanções poderiam ser suspensas novamente se houver progresso nas negociações. Em contraste, Israel comemorou a decisão do Conselho de Segurança e reiterou que a comunidade internacional deve impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Por sua parte, Teerã – em resposta à pressão crescente – ameaçou retirar-se do Tratado de Não Proliferação Nuclear, o que poderia aumentar ainda mais a instabilidade na região do Oriente Médio.