
Lena Dunham, vestida com um deslumbrante vestido de tule rosa, está sentada na cama de um hotel em Tribeca, Nova York, folheando um livro inusitado sobre tortura, que faz parte de um ensaio fotográfico. Ela se diverte ao descobrir que se trata de uma coletânea de ilustrações sobre o tema, compartilhando seu espanto com a equipe que a acompanha. Em meio a risadas, Dunham propõe que toquem a música “Anti” da Rihanna para mudar o clima.
No momento, ela se sente realizada e animada. Dunham, que está em Nova York durante o verão, se prepara para o lançamento de sua nova série na Netflix, chamada “Too Much”. Esta será a sua primeira produção de destaque na TV desde “Girls”, que fez grande sucesso. Além disso, ela também está dirigindo uma comédia romântica com Natalie Portman, chamada “Good Sex”, e escrevendo o musical da Broadway “10 Things I Hate About You” com Carly Rae Jepsen.
Dunham, de 39 anos, é uma nova-iorquina de coração, mas tem vivido em Londres com seu marido, o músico britânico Luis Felber, e uma grande variedade de animais, incluindo cinco gatos, dois cães e dois porcos, que estão atualmente com seus pais em Connecticut. Após uma década cheia de altos e baixos, ela finalmente encontra a felicidade que tanto buscou.
Dunham chamou a atenção de Hollywood aos 23 anos ao dirigir e estrelar “Tiny Furniture”, um filme semi-autobiográfico que explora a vida de uma jovem escritora em Nova York após um rompimento. O sucesso dessa produção a levou a um contrato com a HBO, onde criou “Girls”. O seriado se destacou ao retratar as experiências de mulheres millennials em Nova York, diferentemente de “Sex and the City”, que era dominado por homens. “Girls” trouxe uma perspectiva fresca, abordando relacionamentos, carreiras e a luta pela identidade feminina de forma crua e autêntica.
Durante a exibição de “Girls”, acompanhada pela ascensão das redes sociais, Dunham se tornou um alvo frequente de críticas, especialmente por seus temas controversos e pela forma como abordou questões como sexualidade, raça e corpo. Entretanto, ao finalizar a série após seis temporadas, ela emergiu como uma escritor e diretora de destaque, sendo reconhecida como a voz da sua geração.
Apesar de “Girls” ter estreado mais de uma década atrás, a série ganhou nova popularidade, especialmente entre a geração Z, com várias contas no TikTok dedicadas a homenagens e montagens da série. Dunham também comentou como a série a acompanhou em momentos cruciais da sua vida adulta.
Ela reflete sobre a resiliência necessária ao lidar com desafios e descobertas pessoais. Dunham também fala sobre como a experiência de viver em Londres a ajudou a se descobrir em um novo ambiente, apesar da saudade intensa que sentia de Nova York. O sentimento de solidão e a busca por conexões verdadeiras foram aspectos desafiadores, mas que no final se mostraram enriquecedores.
Após a pandemia, ela voltou a Londres para filmar “Catherine Called Birdy”, onde conheceu Felber. A conexão imediata entre eles levou a um relacionamento sério em poucos meses, culminando em um matrimônio em uma cerimônia íntima.
Esse novo amor também trouxe um renascimento criativo para Dunham. Ela começou a trabalhar em “Too Much”, um projeto que reflete seu amor pelas comédias românticas. Ao criar a série, ela quis apresentar uma nova perspectiva sobre os relacionamentos, abordando as dificuldades reais que as pessoas enfrentam.
O título “Too Much” é resultado de uma brincadeira entre Dunham e Felber, onde ele a chamava carinhosamente de “too much”. A série explora a vida de Jess e Felix, dois personagens que lidam com traumas e suas histórias passadas enquanto tentam navegar em um novo relacionamento.
Dunham decidiu não interpretar a protagonista, optando por um papel menor como a irmã de Jess. Ela encontrou na atriz Megan Stalter uma qualidade que a inspirou, desejando uma abordagem mais leve e inocente.
Com o lançamento de “Too Much”, Dunham espera captar a essência da vida moderna e das relações de forma autêntica. A série não foge da sexualidade e da positividade corporal, refletindo seu compromisso em mostrar a diversidade de experiências.
Dunham é uma defensora dos direitos das mulheres e busca trazer discussões significativas à tona, especialmente sobre questões como aborto, em resposta ao retorno de restrições nos direitos reprodutivos. Com a ajuda de organizações como a Planned Parenthood, ela se esforça para garantir que essa narrativa seja honesta e não esteja carregada de estigmas.
A diretora chegou a um ponto em sua carreira onde se sente mais confortável atrás das câmeras, focando em criar e dirigir projetos que representem sua visão. Com o apoio de sua nova parceria com a Netflix, ela está determinada a ajudar novos talentos a se desenvolverem na indústria.
Dunham está ansiosa sobre o futuro e espera ansiosamente pela possibilidade de uma segunda temporada de “Too Much”, e embora reconheça a inevitabilidade da crítica, ela lida melhor com isso hoje em dia. Ela segmenta seu trabalho com alegria, refletindo sobre como o cinema ainda pode fazer as pessoas rirem e se emocionarem.
Dunham está empolgada para novos projetos que a aguardam, mantendo sua essência, enquanto busca sempre ser transparente e autêntica em sua arte.