Brasil busca apoio do Brics por resultados na COP30

A reunião de cúpula do Brics, que ocorrerá esta semana no Rio de Janeiro, tem como objetivo discutir soluções globais e preparar o terreno para debates importantes que acontecerão em novembro, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém. O Brasil espera que o grupo, composto por 11 países, incluindo China, Rússia, Índia e África do Sul, se una em busca de resultados concretos para as questões climáticas, respeitando as diretrizes estabelecidas pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O Brasil defende uma nova postura de liderança em questões climáticas, com ênfase na solidariedade entre nações, para encontrar respostas eficazes às mudanças que afetam o planeta. Em maio, representantes dos países do Brics aprovaram um documento que será analisado durante a cúpula. Esse documento inclui recomendações sobre o financiamento climático e aborda temas como a reforma de bancos multilaterais, o aumento do financiamento concessional, que é aquele oferecido a taxas abaixo do mercado, destinado a ajudar países em desenvolvimento, e a mobilização de investimentos privados.

Especialistas acreditam que a declaração final do encontro poderá focar na busca de recursos para a transição energética verde e no fortalecimento de colaborações multilaterais. Além disso, outras questões, como combate à desertificação, proteção dos oceanos e enfrentamento da poluição por plásticos, devem ganhar destaque nas discussões. É visto como essencial que a cúpula produza compromissos concretos em relação ao financiamento de projetos climáticos, especialmente voltados para uma transição justa.

Atualmente, o Acordo de Paris, que celebra uma década de existência, passa por um momento crítico. Este tratado internacional, que visa ações para combater as mudanças climáticas adotadas na COP21 em 2015, sofreu um retrocesso após a saída dos Estados Unidos. No mês passado, representantes de vários países se reuniram em Bonn, na Alemanha, para discutir como arrecadar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático, com foco na necessidade de países desenvolvidos investirem mais em nações em desenvolvimento.

A professora Maureen Santos, que coordena a Plataforma Socioambiental do grupo Brics Policy Center, argumenta que a cúpula pode ser uma oportunidade para criar inovações em modelos de financiamento climático. Apesar de os países do Brics estarem em uma posição delicada, tentando evitar que os países desenvolvidos transferissem a responsabilidade somente para os emergentes, a discussão pode resultar em avanços significativos.

Atualmente, apenas 28 dos quase 200 países que assinaram o Acordo de Paris revisaram suas contribuições nacionais, ou NDCs, que especificam os compromissos de cada país para reduzir emissões de gases do efeito estufa. Entre os países do Brics, apenas Brasil e Emirados Árabes apresentaram suas revisões. A professora Maureen acredita que o grupo pode se tornar uma força para pressionar outros países a apresentar suas NDCs e contribuir com a continuidade do Acordo de Paris.

Além disso, os países que fazem parte do Brics, como Brasil, Arábia Saudita e Rússia, têm sua economia fortemente ligada à produção de combustíveis fósseis. Apesar disso, a posição oficial do grupo é promover transições energéticas justas e reduzir emissões de gases do efeito estufa. O professor Antonio Jorge Ramalho da Rocha enfatiza a importância de direcionar investimentos provenientes de combustíveis fósseis para ampliar a capacidade de produção de energia verde, embora reconheça que ajustar-se a um modelo de energia menos poluente pode enfrentar desafios econômicos.

Em resumo, a reunião do Brics é vista como um passo estratégico que pode influenciar as negociações climáticas globais e a busca por soluções sustentáveis, refletindo a urgência com que o mundo precisa agir diante das mudanças climáticas.