Bush e Obama criticam cortes da USAID no último dia da agência

No dia 1 de agosto, ex-presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama e George W. Bush, criticaram abertamente o governo de Donald Trump em um vídeo emocionante dirigido a funcionários da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Durante a gravação, o cantor Bono, conhecido por seu trabalho humanitário, também participou e se emocionou ao recitar um poema.

Obama descreveu a desmontagem da USAID como “um erro colossal”. A agência, que foi criada há mais de 60 anos por John F. Kennedy, tinha como objetivo promover a segurança nacional dos Estados Unidos ao incentivar a boa vontade e prosperidade em outros países. No entanto, nas orientações mais recentes, o secretário de Estado, Marco Rubio, determinou que a USAID seria incorporada ao Departamento de Estado.

O evento, que foi organizado como uma conferência virtual fechada à imprensa, permitiu que políticos e outros participantes fizessem comentários com mais privacidade, incluindo críticas intensas e momentos emocionais. O vídeo de despedida revelou um sentimento de gratidão por parte dos ex-presidentes e do cantor em relação aos muitos profissionais da USAID que perderam seus empregos e suas carreiras.

Sob a administração de Donald Trump, a USAID foi um dos alvos principais de cortes orçamentários. O ex-presidente e o cantor expressaram preocupação com as demissões abruptas e a desativação das contas dos funcionários, que ocorreram por meio de notificações em massa.

Trump, por sua vez, afirmou que a agência era controlada por “lunáticos de esquerda radical” e repleta de “tremendo fraude.” O empresário Elon Musk também criticou a agência, chamando-a de “organização criminosa”.

Durante sua mensagem, Obama falou diretamente aos trabalhadores da USAID. Ele ressaltou a importância do trabalho deles, dizendo que “o que vocês fazem importa e importará por gerações.” Este tipo de apoio é significativo, considerando que o ex-presidente tem mantido um perfil mais discreto em relação às mudanças feitas por Trump.

Obama classificou os cortes na USAID como uma tragédia, destacando que a agência tem um papel crucial em salvar vidas e fomentar o crescimento econômico global. Ele acreditava que, eventualmente, líderes de diferentes partidos reconheceriam a importância do trabalho da agência.

A partir de agora, o Departamento de Estado planeja introduzir um novo programa de assistência internacional, chamado “America First”. A intenção é assegurar que haja uma supervisão adequada para que cada dólar dos contribuintes ajude a promover os interesses nacionais dos Estados Unidos.

A USAID, ao longo dos anos, administrou uma variedade de programas essenciais ao redor do mundo. Esses esforços incluíram a distribuição de água e alimentos em áreas atingidas por conflitos, a promoção da democracia e o apoio ao desenvolvimento econômico em nações que enfrentam a pobreza.

Bush também se manifestou em vídeo, lembrando da importância do Programa de Emergência para o Alívio da AIDS, criado durante sua presidência e que salvou milhões de vidas. Embora tenha havido pressão política significativa para manter o financiamento desse programa, cortes e mudanças nas regras acabaram restringindo o atendimento.

Durante o evento, o ex-presidente Bush elogiou o trabalho dos funcionários da USAID, afirmando que sua dedicação demonstrava a grandeza dos valores americanos. Vários outros líderes e humanitários, como a ex-presidente da Libéria Ellen Johnson-Sirleaf, também expressaram apoio aos trabalhadores.

Bono foi apresentado como um convidado surpresa e, em sua fala, reconheceu os funcionários da USAID como “agentes secretos do desenvolvimento internacional”. Em um momento tocante, ele recitou um poema sobre a devastação causada pelos cortes, mencionando crianças que sofrem de desnutrição devido à redução de recursos.

Ele enfatizou o valor dos trabalhadores, dizendo: “Vocês foram chamados de criminosos quando vocês eram o melhor de nós.” A mensagem focou na importância do trabalho humanitário e na necessidade de apoio global para os mais vulneráveis.