Família contesta versão oficial da morte de detento em Nevada

A família de um detento da Nevada que faleceu sob custódia está contestando o relato oficial de sua morte, levantando sérias acusações contra os funcionários da prisão. Patrick Odale, de 39 anos, morreu em dezembro de 2023 no Southern Desert Correctional Center, próximo a Las Vegas, após ter sido imobilizado, algemado e atingido por spray de pimenta. A família alega que ele estava tendo um ataque de asma, e não se comportando de maneira agressiva, como afirmado no relatório do legista.

Um processo apresentado no Tribunal Distrital do Condado de Clark afirma que, em vez de oferecer ajuda a Odale, os oficiais o atacaram. O detento foi contido com o rosto voltado para o chão e, pouco tempo depois, foi declarado morto. A família acusa o Departamento de Correções de Nevada, o diretor da prisão e os guardas de participarem de uma conspiração para encobrir a gravidade das lesões de Odale e o uso excessivo da força.

O processo destaca que Patrick passou por uma morte prolongada e dolorosa. Além disso, responsabiliza o médico legista que fez a autópsia por minimizar os ferimentos de Odale e exagerar a influência de substâncias encontradas em seu sangue, que foram consideradas um fator importante em sua morte, oficialmente classificada como homicídio.

Os dados do legista indicam que Odale faleceu por asfixia mecânica e posicional devido à contenção policial. No entanto, mencionou que ele tinha pequenas quantidades de metanfetamina e um sedativo animal no sangue, que, segundo o relatório, contribuiu significativamente para sua morte. A família questiona essa avaliação, argumentando que as lesões obtidas durante a detenção foram subestimadas.

Imagens da autópsia mostraram hematomas visíveis nos ombros, costas, pulsos, braços e lábios de Odale. Enquanto o relatório do legista descreveu as lesões como “trauma contuso leve”, o processo judicial as classificou como ferimentos críticos. Odale, que era pai de dois filhos, havia sido condenado em 2023 a até dois anos de prisão por posse de um cartão de crédito roubado e por tentar portar uma arma escondida. Ele estava prestes a ser libertado quando faleceu.

A filha de 15 anos de Odale expressou o desespero da família pela perda, afirmando que estavam prontos para recebê-lo em casa. O relatório do legista indica que, na noite de sua morte, os guardas alegaram que Odale estava sendo errático e “rosnando”. Após isso, foram usados spray de pimenta e ele foi isolado em uma sala de armazenamento por vários minutos. Testemunhas relataram que Odale pedia por atendimento médico, afirmando que não conseguia respirar, e alegaram ver os guardas agredindo-o.

Algumas partes do incidente foram capturadas em vídeo, mas aparentes lacunas na gravação levantaram preocupações. O vídeo mostra Odale gemendo enquanto era levado à enfermaria e, depois de um espaço em branco, aparece o momento em que a equipe tenta retomá-lo com manobras de ressuscitação. O Departamento de Correções do estado não liberou as imagens à família.

O advogado da família, James Urrutia, também representa outro caso semelhante. Christian Walker, um detento que morreu após agressões por guardas, teve sua morte classificada como natural por problemas cardíacos, contudo, sua família também contesta essa conclusão e alega uma tentativa de encobrimento. Walker apresentava ferimentos graves, incluindo inchaço e sangue no rosto quando faleceu.