CPI aponta falhas no sisfron e riscos na fronteira de MS

Inoperância do Sisfron Coloca Fronteira de MS em Risco

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, conhecido como Sisfron, enfrenta sérias falhas em sua operação, funcionando atualmente apenas com 30% de sua capacidade. Criado para monitorar as fronteiras do país, o sistema já consumiu mais de 2 bilhões de reais, mas não apresenta resultados eficazes para as forças de segurança. A situação é alarmante, especialmente em Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com Paraguai e Bolívia e se tornou uma rota importante para o tráfico de drogas.

Durante os primeiros dias de trabalho da CPI do Crime Organizado no Senado, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou que o sistema oferece “pouco proveito” às instituições de segurança. A revolta aumenta ao se considerar que as operações do crime organizado, como o tráfico de drogas, têm se intensificado na região. Somente em 2023, mais de 70 toneladas de cocaína foram apreendidas na área.

Abandono e Inoperância

O alerta sobre o atual estado do Sisfron é especialmente preocupante para Mato Grosso do Sul, que tem trechos vulneráveis. O senador Angelo Coronel (PSD-BA) mencionou que o projeto foi criado em 2008 e implantado em 2012, mas não apresenta definição oficial após mais de uma década. Coronel fez uma visita a uma unidade do sistema em Ponta Porã e descreveu um cenário de abandono: torres de monitoramento inoperantes, equipamentos roubados e falta de integração com as delegacias locais.

Com 70% do sistema ainda por implementar, a conclusão do projeto está longe de ser alcançada, com estimativas indicando que isso pode levar até 40 anos. Para ele, a situação atual das fronteiras é como um “queijo suíço”, com várias brechas que facilitam a ação do crime organizado.

Desafios e Críticas

O deputado Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), que já foi secretário de Segurança Pública do estado, reforçou as críticas ao sistema. Ele destacou que o Sisfron “só funciona parcialmente”, alternando entre períodos de operação e inatividade. Segundo ele, mesmo que o sistema tenha tecnologia para monitorar plantações de drogas no Paraguai e rastrear veículos, a realidade é que “não está tudo funcionando”.

Dagoberto também questionou os altos custos do projeto, que não entregam resultados eficazes. Ele comentou que o sistema sofreu tanto com demoras que se tornou obsoleto, e muitas vezes, ele é mais caro e demorou mais para ser executado do que se fosse feito por outras agências.

Além disso, a falta de integração entre o Sisfron e as delegacias locais impede que as informações obtidas pelas torres sejam utilizadas efetivamente por policiais. Dagoberto apontou que esse problema também é político, com governadores que não apoiam uma coordenação federal de segurança.

Alternativas em Desenvolvimento

Diante da ineficácia do Sisfron, a Polícia Federal tem buscado alternativas, como o Projeto Mitra, que integra dados entre os estados de Mato Grosso do Sul e Paraná. Esse projeto pode oferecer uma solução mais eficaz, utilizando tecnologia moderna de vigilância e inteligência.

Rodrigues ainda destacou que houve apreensões significativas de armas em aeroportos, evidenciando falhas de segurança que não se limitam às fronteiras. Muitas armas entram no país desmontadas, passando despercebidas pelas atuais lacunas nos sistemas de monitoramento.

Uma Fronteira em Risco

A situação nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia se tornou extremamente crítica para o crime organizado. Em áreas como Ponta Porã e Corumbá, a violência e o tráfico de drogas se intensificaram, refletindo a fragilidade do sistema de segurança na região.

Embora existam esforços de integração entre as forças de segurança, ainda faltam planos e estratégias claros que permitam uma avaliação do impacto e da eficácia dessas ações. Com o Sisfron operando de forma fragmentada, a segurança na fronteira continua comprometida, deixando o país vulnerável ao avanço do crime organizado.