Soluções capitalistas perdem credibilidade entre o povo

Belém se Prepara para a COP30 em um Cenário de Extremos Climáticos

Belém, no Pará, pode se tornar a segunda cidade mais quente do mundo até 2050, com uma previsão alarmante de 222 dias de calor extremo por ano. No início dos anos 2000, esse número era de apenas 50 dias. A temperatura elevada da Amazônia, durante esses dias da COP30, ressalta a urgência das decisões políticas que estão sendo tomadas aqui.

Enquanto isso, no Paraná, famílias enfrentam as consequências devastadoras do clima extremo. Um tornado de força imensa atingiu várias cidades, causando destruição de casas e mudando a vida de muitas pessoas. A ciência há anos aponta que uma atmosfera mais quente acumula mais energia, acelerando eventos climáticos e reduzindo os tempos de resposta a desastres. Independentemente das opiniões, as evidências são concretas, e a busca por soluções efetivas é essencial.

Recentemente, observou-se um aumento na mobilização popular durante importantes eventos, como no G20 e no Brics, que têm trazido esperança para o futuro. Em Belém, a Cúpula dos Povos, que acontece de 12 a 16 de dezembro, deve se tornar o maior espaço de diálogo da sociedade civil na história das COPs.

A Universidade Federal do Pará (UFPA) está se transformando em um centro de propostas que promovem a justiça climática, abordando temas como agroecologia, reflorestamento, defesa da água, moradia e transporte público. Como enfatizou Dilma Rousseff, ex-presidente e atual representante do Banco dos Brics, a necessidade de agir é urgente. A união entre os povos que lutam por justiça resulta em novas esperanças.

A COP30 começou com a reunião de chefes de Estado, e o presidente Lula tem se destacado nessa função. Ele tem trabalhado para restaurar a confiança no multilateralismo e reabrir diálogos em um mundo marcado por conflitos. Um dos pontos principais foi sua sinceridade ao reconhecer as falhas dos países em cumprir o Acordo de Paris. A liderança do Brasil, representada também por figuras como Fernando Haddad e Marina Silva, busca estabelecer diretrizes para atingir o desmatamento zero e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Entretanto, há uma limitação real. O futuro do planeta depende da análise crítica das bases do sistema capitalista, que frequentemente causa danos aos recursos naturais e aos trabalhadores. Não se deve esperar que uma revolução ocorra apenas por meio de discussões em fóruns internacionais.

Um avanço significativo foi a criação do Fundo para Florestas Tropicais (TFFF), que visa mobilizar recursos para proteger as florestas. No entanto, essa abordagem é vista por alguns como uma forma de mercantilizar os recursos naturais e pode acentuar desigualdades entre as regiões do mundo. A crítica é que, enquanto comunidades recebem uma fração dos benefícios, a lógica de mercado persiste, transformando a floresta em um ativo financeiro.

As vozes do Sul Global ganharam destaque durante a cúpula, com países-ilha lembrando que enquanto grandes emissores de gases poluentes ignoram suas responsabilidades, eles enfrentam o desaparecimento de suas terras e culturas. A transição energética precisa ser justa e responder às realidades locais, especialmente para aqueles impactados por grandes projetos de mineração e hidrelétricas, que também se reúnem na cidade.

É importante destacar que a equipe de reportagem não chegou a Belém apenas para a COP30, mas já está presente na região há cinco anos. O trabalho envolve a produção de jornalismo sobre a luta e a cultura das comunidades locais, explorando os desafios e a busca por um futuro mais justo e sustentável.

Apesar dos muitos desafios, os moradores de Belém demonstram um caloroso acolhimento. A cidade se destaca por sua rica cultura, relações comunitárias e sabores únicos. Além da Cúpula dos Povos, diversas organizações, tanto da sociedade civil quanto do governo, têm promovido atividades e debates que enriquecem a diversidade de vozes presentes.

Com 30 COPs já realizadas, existe a possibilidade de que novos acordos sejam firmados e não cumpridos, mas desta vez muitos cidadãos estão envolvidos, tanto dentro como fora dos pavilhões. Estão programadas marchas, fóruns e intercâmbios entre continentes, que prometem chamar a atenção para as questões ambientais.

A equipe de reportagem continuará a ouvir as vozes da comunidade durante a COP30, reportando diariamente sobre suas narrativas e propondo alternativas ao sistema vigente. Todos estão convidados a se engajar, compartilhar e debater sobre as alternativas que surgem em resposta aos desafios climáticos. A luta por justiça climática é coletiva e todos podem fazer parte desta transformação.