MST comemora 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni no Brasil

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está se preparando para celebrar os 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni, ocorrida em 29 de outubro de 1985. A comemoração será nos dias 24 e 25 de outubro, no Assentamento 16 de Março, localizado em Pontão, no norte do Rio Grande do Sul. O evento contará com uma programação diversificada, incluindo a Feira Estadual da Reforma Agrária Popular e a Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular, que abordará temas de memória, luta e desafios atuais.

A celebração é organizada pelo MST em parceria com o Instituto Preservar e conta com o suporte de diversas instituições, como a Fundação Banco do Brasil, o Governo Federal, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

As atividades começam na manhã de sexta-feira, dia 24, com uma recepção no Instituto Educar e um roteiro que inclui sete pontos relacionados à Reforma Agrária, como a Encruzilhada Natalino e a Cooptar. Ao meio-dia, haverá uma cerimônia para nomear a Rodovia Caminhos da Reforma Agrária. À tarde, a programação contará com seminários sobre saúde, direitos humanos, cooperação e agroecologia, além de um encontro de escritores e pesquisadores. A noite será dedicada a uma atividade cultural e à Jornada Socialista – Roseli Nunes.

No sábado, 25 de outubro, a conferência da Reforma Agrária Popular terá a participação de lideranças importantes, incluindo João Pedro Stédile e José Geraldo Souza. Na parte da tarde, apresentações culturais e um ato político em defesa da Reforma Agrária também estão previstos, encerrando o evento com uma confraternização às 20h.

Histórico da Ocupação

A ocupação da Fazenda Annoni é considerada um marco na luta pela reforma agrária e na fundação do MST. Antes da ocupação, houve um planejamento detalhado que durou dois anos. Naquela noite, mais de 200 veículos, vindos de 32 cidades do estado, deslocaram 7.500 pessoas para o local, que estava em litígio judicial desde 1972 e era em grande parte improdutivo, coberto por uma praga conhecida como capim-annoni.

A mobilização foi tão significativa que a Brigada Militar foi enviada ao local para organizar o trânsito dos veículos que iam para o acampamento. Essa ocupação é lembrada como uma das mais bem-sucedidas da história do país, resultando no assentamento de 1.250 famílias ao longo de oito anos de luta, que incluíram ocupações de terra, greves de fome e marchas.

As primeiras famílias foram oficialmente assentadas em 1992, e o assentamento definitivo foi consolidado em 1993. O assentado Isaías Vedovatto, que participou da ocupação, recorda que a Annoni foi a primeira ocupação de grande impacto nacional nos primórdios do MST. Ele afirma que a organização para ocupar a fazenda foi um passo decisivo para a criação do movimento.

Avanços e Memórias

Ao longo desses 40 anos, Vedovatto reflete sobre os avanços do movimento e enfatiza que a experiência da Annoni e outros assentamentos serviram como um importante aprendizado para o MST. Ele destaca que o movimento se desenvolveu não apenas na teoria, mas através de práticas e conhecimentos adquiridos ao longo do tempo.

Ele também menciona momentos marcantes, como as reuniões inicial para organizar a ocupação e o ato da entrada na fazenda, além da lavração da terra, que contou com a ajuda de agricultores da região. Para Vedovatto, sua formação pessoal e como líder devem muito à experiência vivida na Fazenda Annoni, que moldou sua identidade e a de muitos outros.

Este evento não é apenas uma celebração, mas uma oportunidade para relembrar a luta prolongada pela terra e os frutos que ela trouxe ao longo das décadas.