Banco Master pode comprometer patrimônio do DF, alertam parlamentares

Nos últimos dias, denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro relacionadas ao Banco Master surgiram, aumentando a preocupação sobre a possível compra dessa instituição pelo Banco de Brasília (BRB). Essa aquisição poderia trazer riscos legais e prejudicar a imagem do banco público do Distrito Federal, especialmente considerando o histórico de fraudes no setor de crédito consignado.

O Banco Master está sob investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O banco é acusado de aplicar golpes contra aposentados e pensionistas. Em uma audiência recente, o advogado Eli Cohen, que identificou um dos principais esquemas de fraude no setor, detalhou como o banco e outras instituições enganavam clientes com contratos falsos e documentos reutilizados sem autorização.

Além disso, o Banco Master é mencionado na Operação Carbono Oculto, que foi iniciada há alguns dias pela Polícia Federal, em colaboração com o Ministério Público e a Receita Federal. Essa investigação revelou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), além de fraudadores, sonegação fiscal e adulteração de combustíveis.

Essas denúncias dão força ao pedido de suspensão da compra do Banco Master pelo BRB. A operação levanta questionamentos sobre possíveis crimes e conflitos de interesse, além de potencial movimentação de recursos ilegais.

Durante a audiência, a senadora Leila Barros expressou grave preocupação com a compra do Master, visto que o BRB pretende aumentar sua oferta no setor de crédito consignado. Ela afirmou que é inaceitável que um banco público esteja à beira de adquirir uma instituição com sérias acusações. “Estamos falando de práticas que lesam diretamente os brasilienses e os aposentados, a camada mais vulnerável da sociedade. É necessário esclarecer os riscos antes de qualquer negociação”, ressaltou a senadora.

Na mesma linha, o deputado distrital Fábio Felix protocolou uma representação no Banco Central contra a negociação, embasado nas descobertas da Operação Carbono Oculto. Segundo a Receita Federal, pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões, foram utilizados para ocultar bens no mercado financeiro. As operações incluíam fintechs e instituições de pagamento que trabalhavam com contabilidade paralela, permitindo transferências sem identificar quem eram os beneficiários finais.

Um dos alvos diretos é a Reag Investimentos, que controlava a holding do Will Bank e tinha um histórico de ligação com o Banco Master, que concentrava cerca de 75% das operações financeiras nesses arranjos. A Reag, por sua vez, possui ativos valiosos, como créditos fiscais e um pré-precatório de mais de R$ 500 milhões, podendo expor o BRB a riscos financeiros.

Além disso, a representação menciona que o Banco Master e a Reag já foram alvos de investigações anteriores, como a Operação Fundo Fake, que desmascarou fraudes em fundos de pensão de servidores entre 2010 e 2017. Em 2024, dois fundos da Reag injetaram R$ 1,2 bilhão no Banco Master, que já enfrentava dificuldades financeiras.

Outro ponto levantado é a participação do Borneo FIP Multiestratégia, que possui ações do BRB. Um representante deste fundo participou da assembleia que decidiu pela compra do Master, mas se absteve de votar, para evitar qualquer tipo de conflito de interesses.

Por fim, a representação adverte que o Will Bank, parte do conglomerado Reag e considerado estratégico pelo BRB, também está sob investigação por lavagem de dinheiro. O deputado Félix defende cautela na análise da compra, sugerindo que a operação seja suspensa até que as investigações sejam concluídas e que a segurança dos ativos públicos do Distrito Federal possa ser garantida.

Atualmente, o Banco Central ainda não se manifestou sobre a representação. As assessorias de imprensa do Banco Master e do BRB foram contatadas para se posicionar sobre as denúncias, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.