Colheita de café avança com clima desafiador para commodities

A colheita de café nas áreas atendidas pela cooperativa Cooxupé, que abrange Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e o estado de São Paulo, alcançou 40,4% da área total até o dia 4 de julho. Este avanço é significativo, já que na semana anterior a colheita registrada era de 31,4%. No mesmo período do ano passado, a coleta estava em 51,6%.

Além do café, a colheita de milho também avança. No Paraná, a segunda safra, conhecida como safrinha, chegou a 29%. No Mato Grosso, as vendas da safra 2024/25 atingiram 50,96% da produção prevista.

Apesar do aumento na produção de milho, o Brasil importou 102 mil toneladas do grão somente em julho. Desse total, 42 mil toneladas foram adquiridas nos primeiros quatro dias úteis do mês, representando um crescimento de 139,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse cenário levanta questões sobre a capacidade logística e o consumo interno, mesmo em um contexto de oferta abundante.

As exportações de grãos, no entanto, apresentam uma queda. As vendas de soja estão 2% abaixo do mesmo período do ano passado, enquanto as exportações de café recuaram 25%. Apesar do avanço na colheita, os estoques de ambos os produtos permanecem baixos.

No cenário internacional, as tensões comerciais entre Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul aumentam a incerteza para os exportadores americanos de milho, especialmente com a possibilidade de tarifas elevadas.

Em relação aos fundos de investimento, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) dos Estados Unidos revelou que a quantidade de contratos comprados em soja diminuiu, indicando uma expectativa de queda nos preços. As posições caíram de 35.396 para 13.901 contratos entre o final de junho e o início de julho. A qualidade das lavouras nos Estados Unidos também impacta essa expectativa: o milho em boas condições subiu de 73% para 74%, enquanto a soja se manteve estável em 66%.

No setor de carnes, o abate de bovinos no Mato Grosso alcançou um recorde em junho, impulsionado pelo descarte de fêmeas fora do ciclo reprodutivo. Os embarques diários de carne bovina subiram 18,1%, com uma média de 12,1 mil toneladas por dia útil. Já as exportações de frango sofreram uma leve queda de 0,8%, mas espera-se uma normalização após a superação de embargos internacionais. Para os ovos, os embarques aumentaram 2,5% na comparação diária, somando 521 toneladas exportadas em julho.

Com relação aos biocombustíveis, o Citibank projeta que os preços da soja devem se manter estáveis, impulsionados pela demanda por biocombustíveis. A partir de agosto, a mistura de biodiesel no diesel brasileiro aumentará de 14% para 15%, e a gasolina poderá conter até 30% de etanol. Essas mudanças devem ajudar a absorver parte da oferta elevada de milho e soja no mercado doméstico.