Protagonismo feminino na Independência do Brasil é destacado em estudo

No dia 2 de Julho, a Bahia celebra a Independência do Brasil, um evento histórico marcado por importantes batalhas que resultaram na expulsão das tropas portuguesas. A historiadora Giovanna Trevelin destaca a importância das mulheres nesse processo, ressaltando nomes como Maria Felipa, Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Leopoldina, que desempenharam papeis essenciais, embora muitas vezes tenham sido esquecidas pela história oficial.

Trevelin explica que o 2 de Julho representa o fim de um longo processo de independência que começou antes do 7 de setembro de 1822 e foi caracterizado por conflitos intensos no Recôncavo Baiano. Ela enfatiza que muitas das lutas foram lideradas por mulheres negras e indígenas, que enfrentaram os portugueses em batalhas diretas.

Joana Angélica, por exemplo, foi morta em fevereiro de 1822 ao tentar proteger o Convento da Lapa, em Salvador. Maria Quitéria, a primeira mulher a se unir ao Exército Brasileiro disfarçada de homem, tornou-se um símbolo da luta pela independência. Maria Felipa, conhecida por sua astúcia, mobilizou um grupo de 40 mulheres em Saubara. Juntas, elas usavam táticas de espionagem e conhecimento das plantas locais para desativar os soldados inimigos e destruir embarcações.

A historiadora critica a falta de reconhecimento dessas figuras femininas, lembrando que a narrativa da história do Brasil é frequentemente dominada por homens. A história oficial costuma destacar a Independência marcada pelo grito de Dom Pedro I, à margem do Rio Ipiranga, em São Paulo, ignorando o papel fundamental que as mulheres tiveram nas lutas pela liberdade.

Giovanna também menciona o papel da Imperatriz Leopoldina, esposa de D. Pedro I, que participou ativamente das decisões políticas que levaram à declaração de independência do Brasil. Ela foi uma das principais articuladoras da resistência contra as ordens das Cortes portuguesas, demonstrando sua influência política desde antes do famoso “grito do Ipiranga”.

Nos últimos anos, historiadoras, pesquisadoras e movimentos sociais têm trabalhado para recuperar a memória dessas mulheres e outras que desempenharam papéis importantes na história do Brasil. Essa busca pela valorização das contribuições femininas é um passo significativo em direção a uma narrativa histórica mais inclusiva e representativa.

Em Salvador, a comemoração do 2 de Julho envolve um grande cortejo popular que sai do Largo da Lapinha, atraindo milhares de pessoas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da celebração, que é marcada pela presença das figuras do “Caboclo” e da “Cabocla”, símbolos da herança indígena e africana nas batalhas pela independência. Estima-se que cerca de 2 mil pessoas tenham perdido a vida durante os conflitos que levaram à expulsão das tropas portuguesas.

As comemorações do 2 de Julho não apenas reverenciam a luta histórica pela independência, mas também dão espaço para a renovação do reconhecimento das mulheres que, ao longo da história, desempenharam papéis cruciais em momentos decisivos do país.