Um juiz federal está analisando a polêmica em torno da música “Not Like Us”, de Kendrick Lamar, que gerou um processo por difamação movido pelo rapper Drake. Esta canção, que se destacou como um dos grandes sucessos do ano, é considerada um diss track, ou seja, uma música destinada a criticar ou ofender outro artista.
Drake entrou com a ação contra a Universal Music Group, a gravadora que ambos os rappers assinam, alegando que a empresa promoveu uma música que ele considera caluniosa. A Universal defende que as letras são apenas exageros típicos do estilo competitivo do rap e está tentando arquivar o caso.
Durante uma audiência em Nova York, a juíza Jeannette Vargas não chegou a uma decisão imediata, mas levantou questões sobre como uma pessoa comum entenderia as letras da música, que traz referências específicas e nuances culturais. Essa discussão é fundamental para o processo, que envolve a interpretação do conteúdo por um ouvinte médio. Nenhum dos artistas compareceu à audiência.
O caso surgiu em meio a uma rivalidade intensa entre os dois rappers, marcada por trocas de insultos em suas canções. A música “Not Like Us” menciona Drake diretamente e o questiona sobre sua autenticidade. Kendrick chama Drake de “colonizador” da cultura do rap e sugere que ele não pertence à cena do rap da Costa Oeste, especialmente em Compton, Califórnia.
Além disso, a letra insinua aspectos da vida pessoal de Drake, com comentários como “ouvi dizer que você gosta dos mais jovens”, o que ele nega. No processo, Drake afirma que a canção o acusa falsamente de ser um agressor sexual e de participar de atos pedófilos. Segundo ele, a música prejudica sua imagem e também está relacionada a tentativas de invasão em sua casa e a um tiroteio que envolveu um segurança em sua residência em Toronto, que foi mostrada na arte da capa da música.
O advogado de Drake, Michael Gottlieb, destacou que “Not Like Us” se tornou uma canção culturalmente influente, alcançando um status inédito no rap. Ele argumentou que a Universal Music trabalhou para que a música se tornasse um “hino nacional”, que ressoasse além do público específico do hip-hop.
A defesa da Universal enfatizou que “Not Like Us” faz parte de uma dinâmica de troca de provocações entre os rappers. O advogado Rollin Ransom afirmou que o contexto é essencial e que as letras devem ser vistas como uma forma extrema de conversa, não como declarações factuais. O processo busca indenizações, mas os valores não foram especificados.
Além da ação contra a Universal, Drake também acionou a iHeartMedia em um processo no Texas, alegando que a empresa recebeu pagamentos ilegais da gravadora para aumentar a execução da música. A iHeartMedia negou qualquer irregularidade e essa disputa foi resolvida em março.
É importante destacar que Drake não processou Kendrick Lamar diretamente.
